Plurálogos e a
Renúncia de Tronco a Folha
Mais do que diálogo
um-a-um o que existe na fala é um plurálogo, um multi-diálogo, por assim dizer,
porque muitas linhas de raciocínio estão ocorrendo ao mesmo tempo no
inconsciente dentro de cada falante, emergindo racional ou conscientemente uma
de cada vez.
Lá por dentro ferve
um caos, uma multiplicidade indizível, enquanto do lado de fora dos dois
falantes (e até mais de dois, “n” deles, mas aí sempre vai ser diálogo, porque
de cada vez não são “n” corpos e sim um-a-um) manifesta-se uma linha unida
feita de duas, parte de uma vinda de um e parte de outra vinda de outro.
UM
SÍMBOLO (as duas linhas se unem numa só, pela coerência, mas outras duas voltam a
emergir do capital de cada um, para unirem-se e assim sucessivamente)
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Isso persiste dentro de cada um até a
morte, porém se torna mais e mais disciplinado. Com o tempo há uma renúncia à
pluralidade e a aceitação da unicidade ou monalidade, digamos assim. Como no
corpo em que as células-tronco vão se especializando nas várias células do
corpo, como que numa árvore a alma renuncia a ser tronco (ou, mais remotamente,
raiz) e vai se tornar folha e flor para financiar suas ambições e as da
coletividade.
Como poderia ser que
todas as folhas fossem tronco? Não é possível, é assim o desenho do mundo.
Contudo, o fenômeno é interessantíssimo e é fundamental estudá-lo a fundo
(porque, entre outras coisas, a capacidade de ser multíplice seria útil aos
governempresas e às instituições, se pudesse ser re-treinada nos que a perderam
e potencializada nos que a mantiveram, os gênios).
Vitória,
sexta-feira, 06 de maio de 2005.
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