quinta-feira, 21 de setembro de 2017


A Sombria de Kissinger

 

No livro de Greg Grandin, A Sombra de Kissinger, Rio de Janeiro, Anfiteatro, 2017, o autor consegue a proeza de falar nos malefícios perpetrados por K sem mostrar qualquer interesse gritante em sua condenação.

Kissinger é ruim mesmo.

O AUTOR E O LIVRO

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EUA, 1962.
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K, COMO DIZ O POVO, É RUNHE, RUNHE, RUNHE

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Alemanha, 1923, em 2017 94 anos, judeu-americano, esteve internado nos campos de concentração, tinha 16 anos quando a guerra começou em 1939.

Está na política desde os 27 anos em 1950, quando formou-se, e desde 1969 com Nixon participou do domínio mundial e orientou assassinatos na guerra e fora dela. Se você olhar o retrato do livro, verá os olhos de uma criança que envelheceu e adquiriu poder de ofender, alguém que (isso aconteceu) ameaçado na Casa Branca, escondeu-se debaixo do tampo da escrivaninha, bem covarde.

Quando alçado ao poder, orientou ditaduras e tiranos assassinos de cima abaixo, do Leste ao Oeste. Aconselhou ataques ao Camboja e ao Laos, países neutros, sossegados e miseráveis que lutavam pela sobrevivência – o livro é imperdível. E K foi o modelo dos que o seguiram, dizendo o autor na página 23: “Ao fazer isso, Kissinger ofereceu a uma nova geração de políticos um modelo de como justificar a ação de amanhã e ao mesmo tempo ignorar a catástrofe de ontem”.

Não deixarei de dizer que há umas frases filosóficas profundas de K no correr do texto que chegam ao âmago do universo natural e sua relação com Deus, por exemplo, página 221: “O microcosmo contém tensão e polaridade, a solidão do indivíduo em um mundo de significados estranhos, em que o sentido interno total dos outros permanece sendo um enigma eterno. Ritmo e tensão, saudade e medo caracterizam a relação do microcosmo com o macrocosmo” [1950].

1.       A polaridade do universo é o conjunto de pares polares oposto-complementares, a tensão é a luta dos contrários;

2.       O indivíduo não consegue ultrapassar a visão do mundo como composto de estranhezas, daí o pânico constante que temos;

3.      Os outros serão sempre, para nós, enigma (só Deus, sendo a totalidade, consegue solucionar o distanciamento);

4.      O indivíduo sente saudades da união, da totalidade de Deus, mas tem medo do próximo (o caminho para solucionar isso seria, como Cristo disse, o amor).

Isso pode nem ser autenticamente dele, pode ter absorvido do fundo cultural alemão, mas está lá, é profundo. Entrementes, ele era amedrontado garotinho no escuro que quando cresceu juntou-se aos bandidos valentões da vizinhança para formar uma gangue.

Vitória, quinta-feira, 21 de setembro de 2017.

GAVA.

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