Os Retratos de
Gabriel
Numa das matérias da
engenharia mecânica na UFES, em álgebra linear escolheram o livro-texto Matrizes Vetores e Geometria Analítica,
Belo Horizonte, UFMG, 2002, de Reginaldo J. Santos, e em certo dia o professor
e um aluno travaram um dialogo que Gabriel anotou na página inicial do capítulo
4.
ALUNO – professor,
não entendi.
PROFESSOR – nem tudo na aula é para
entender. Isso é tudo muito fácil.
Isso foi falado na UFES, Universidade
Federal do ES, Centro Tecnológico, Departamento de Mecânica, sala de aula.
Presume-se que na engenharia mecânica algumas coisas são feitas sem que se
entenda o motivo de se estar fazendo; que o professor não só tolera isso como
até estimula – é adepto franco de tal teoria. Se nem tudo é para entender presume-se
que o ensino brasileiro, pelo menos no ES, seja falho, pelo menos no que toca à
engenharia, em particular à engenharia mecânica na UFES.
Mas essa é apenas a base para algo
maior: uns tiram fotografias que mostram o exterior que se transforma, que se
deforma e desaparece; eu presto atenção no que Gabriel e Clara dizem, porque
isso pode ser pensado sucessivamente por todos que virão. Todos os seres,
racionais ou não, têm imagens, uma e muitas, mas só os racionais têm idéias.
Assim, tiro retratos-conceituais dos dois. Penso que as pessoas todas poderiam
fazer mais isso em vez de usar tanto a máquina fotográfica e a filmadora, que
em nada incrementam nossa racionalidade, ou em muito pouco, um quase nada. O
sentimento nos leva longe, mas a razão nos leva ainda mais longe,
incomparavelmente. A humanidade-sentimental é aquela do passado, a
humanidade-racional é a do futuro: não se pode viver sem passado, mas não
estamos caminhando para ele. O passado é importante, mas o futuro é
fundamental.
Vitória, quinta-feira, 06 de janeiro
de 2005.
Nenhum comentário:
Postar um comentário