terça-feira, 22 de agosto de 2017


Os Retratos de Gabriel

 

                            Numa das matérias da engenharia mecânica na UFES, em álgebra linear escolheram o livro-texto Matrizes Vetores e Geometria Analítica, Belo Horizonte, UFMG, 2002, de Reginaldo J. Santos, e em certo dia o professor e um aluno travaram um dialogo que Gabriel anotou na página inicial do capítulo 4.

                            ALUNO – professor, não entendi.

PROFESSOR – nem tudo na aula é para entender. Isso é tudo muito fácil.

Isso foi falado na UFES, Universidade Federal do ES, Centro Tecnológico, Departamento de Mecânica, sala de aula. Presume-se que na engenharia mecânica algumas coisas são feitas sem que se entenda o motivo de se estar fazendo; que o professor não só tolera isso como até estimula – é adepto franco de tal teoria. Se nem tudo é para entender presume-se que o ensino brasileiro, pelo menos no ES, seja falho, pelo menos no que toca à engenharia, em particular à engenharia mecânica na UFES.

Mas essa é apenas a base para algo maior: uns tiram fotografias que mostram o exterior que se transforma, que se deforma e desaparece; eu presto atenção no que Gabriel e Clara dizem, porque isso pode ser pensado sucessivamente por todos que virão. Todos os seres, racionais ou não, têm imagens, uma e muitas, mas só os racionais têm idéias. Assim, tiro retratos-conceituais dos dois. Penso que as pessoas todas poderiam fazer mais isso em vez de usar tanto a máquina fotográfica e a filmadora, que em nada incrementam nossa racionalidade, ou em muito pouco, um quase nada. O sentimento nos leva longe, mas a razão nos leva ainda mais longe, incomparavelmente. A humanidade-sentimental é aquela do passado, a humanidade-racional é a do futuro: não se pode viver sem passado, mas não estamos caminhando para ele. O passado é importante, mas o futuro é fundamental.

Vitória, quinta-feira, 06 de janeiro de 2005.

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