Mil Palmas Para
Barcelona
Vi no canal pago
Discovery reportagem de uma hora sobre Barcelona,
A Mil Dias do Futuro. Mil dias são 2,74 anos. Depois de 1992, quando a
cidade espanhola sediou as Olimpíadas, eles começaram a pensar como recuperar
certa área defronte do mar, onde ficavam usinas de tratamento de água e esgoto.
Em vez de simplesmente removê-las, soterraram-nas (como sugeri fosse feito em
Vitória, diante da baía), colocando um piso confortável por cima, onde agora é
área de lazer popular. Envolveram nove mil pessoas e naturalmente centenas de
milhões a bilhões de dólares pagos a mais de 300 companhias do mundo inteiro.
Virou realmente um gigantesco canteiro de obras, uma experiência enriquecedora,
que tenderá a ser imitada ao infinito em volta do mundo – realmente foi bom.
O que ressalta disso
não é somente a liderança de Barcelona, mas o fato de que as outras elites não
fizeram equivalente; Barcelona ter dado esse passo crucial desnudou o despudor
das elites para com o povo no mundo inteiro. Colocou-as a nu, especialmente as
brasileiras, que são ordinárias e sem consideração.
Bastou a aquelas lá
pensar e ousar um pouco e já entraram na geo-história a ser lembrada. Com muita
ousadia e compromisso, empenharam milhares numa complexa operação. Aliás, vale
a pena (já que a memória está fresca em documentos e provas) delinear a
complexidade, seguindo as linhas duais, quer dizer, os entroncamentos ou
dilemas (dois lemas, duas direções). Isso permitirá desenhar a “p” potência do
feito, que é não apenas qualitativamente relevante, como também
qualitativamente. Quanto as elites dos outros lugares copiam (tanto a obra e
sua relevância, quanto o efeito propagandístico)? Que tipo de DIMINUIÇÃO ou
redução de projeto propõe (tanto quantitativa quanto qualitativamente) na
adaptação às condições locais? E com que displicência (medindo-se assim a
relação que têm com seus povos) o fazem?
Enfim, as tarefas
realizadas tornam-se metros em muitas direções e sentidos. Por quê as elites de
Barcelona decidiram dar o salto? Que é que veio de trás e as empurrou a isso e
o que miravam na frente? Quais as relações atuais de poder ao nível de
cidade/município, estado (lá é província), nação e mundo?
Isso dispara muitas
perguntas.
Vitória,
quinta-feira, 23 de dezembro de 2004.
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