Igual Àquele que
Passou...
As desatentas
pessoas que dizem da igualdade dos objetos que olham certamente estão fazendo
baixo aproveitamento.
O
MAIS ATENTO DOS HUMANOS
(que ficou conhecido como “O Obscuro”) – Heráclito de Éfeso, 540 a 480 a.C.
Os modernos historiadores do
pensamento grego costumam tratar Heráclito como o primeiro filósofo a propor
uma visão dialética do mundo. No século XIX, Hegel apontou-o como um
precursor de suas próprias concepções. Heráclito nasceu em Éfeso, por volta
de 540 a.C. Barsa Consultoria Editorial Ltda.
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Embora o modelo tenha mostrado
claramente que os dois lados valem, isto é, que a soma é CONSTRUTIVA/DESTRUTIVA
50/50, girando em torno do eixo ou zero como conjunto de pares polares
opostos/complementares interpenetrantes, o maior dos otimismos foi sem dúvida o
de Heráclito: o que está acontecendo acontece uma vez só e devemos prestar a
maior atenção. Os que acreditam em Deus diriam que é uma dádiva, essa
construção toda, a soma de tantos cenários. O rio que passou, passou mesmo, não
será mais o mesmo no instante seguinte. Mas isso aprisiona, esse real MACIÇO,
porque nos faz prestar atenção demasiada à realidade, daí ser necessário o
outro lado, o ideal ou virtual. O RIO VIRTUAL fica como idéia em nossas
cabeças. O ano que passou como um rio que foi embora com seus fatos, levando-os
ao oceano do passado, também ficou enquanto lembrança ou idealiz/ação, ato
permanente de idéia/lizar, trans-formar em idéia, ir além da forma ou do
fenômeno para manter o conteúdo ou conceito.
Então, os que dizem que é “tudo
igual”, por exemplo, que “as mulheres são todas iguais” não estão querendo
valorizar ou dilatar as diferenças entre elas, as distâncias que provém do
esforço pessoal e coletivo delas; essa diminuição não faz favor a ninguém, nem a
elas nem aos homens. Pelo contrário, também erram-acertam os que afirmam que
não há semelhanças, que cada uma é um caso à parte, uma singularidade – se
fosse não saberíamos ver o que é comum.
O ano que está em curso não foi igual
ao anterior, como diz a música brasileira, não sei se cantada por Zé Kéti:
“este ano não será igual àquele que passou”. Será sim, em parte - e não será em
outra - pois alguma coisa foi, ou não saberíamos sequer que foi ano, pois
chamamos de “ano” a identidade.
O que quero dizer é que a realidade é
complexa e felizmente ela comporta dois lados, podendo ser muito mais
proveitosa assim.
Vitória, segunda-feira, 27 de setembro
de 2004.
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