quarta-feira, 26 de julho de 2017


Igual Àquele que Passou...

 

                            As desatentas pessoas que dizem da igualdade dos objetos que olham certamente estão fazendo baixo aproveitamento.

O MAIS ATENTO DOS HUMANOS (que ficou conhecido como “O Obscuro”) – Heráclito de Éfeso, 540 a 480 a.C.

Os modernos historiadores do pensamento grego costumam tratar Heráclito como o primeiro filósofo a propor uma visão dialética do mundo. No século XIX, Hegel apontou-o como um precursor de suas próprias concepções. Heráclito nasceu em Éfeso, por volta de 540 a.C. Barsa Consultoria Editorial Ltda.

Embora o modelo tenha mostrado claramente que os dois lados valem, isto é, que a soma é CONSTRUTIVA/DESTRUTIVA 50/50, girando em torno do eixo ou zero como conjunto de pares polares opostos/complementares interpenetrantes, o maior dos otimismos foi sem dúvida o de Heráclito: o que está acontecendo acontece uma vez só e devemos prestar a maior atenção. Os que acreditam em Deus diriam que é uma dádiva, essa construção toda, a soma de tantos cenários. O rio que passou, passou mesmo, não será mais o mesmo no instante seguinte. Mas isso aprisiona, esse real MACIÇO, porque nos faz prestar atenção demasiada à realidade, daí ser necessário o outro lado, o ideal ou virtual. O RIO VIRTUAL fica como idéia em nossas cabeças. O ano que passou como um rio que foi embora com seus fatos, levando-os ao oceano do passado, também ficou enquanto lembrança ou idealiz/ação, ato permanente de idéia/lizar, trans-formar em idéia, ir além da forma ou do fenômeno para manter o conteúdo ou conceito.

Então, os que dizem que é “tudo igual”, por exemplo, que “as mulheres são todas iguais” não estão querendo valorizar ou dilatar as diferenças entre elas, as distâncias que provém do esforço pessoal e coletivo delas; essa diminuição não faz favor a ninguém, nem a elas nem aos homens. Pelo contrário, também erram-acertam os que afirmam que não há semelhanças, que cada uma é um caso à parte, uma singularidade – se fosse não saberíamos ver o que é comum.

O ano que está em curso não foi igual ao anterior, como diz a música brasileira, não sei se cantada por Zé Kéti: “este ano não será igual àquele que passou”. Será sim, em parte - e não será em outra - pois alguma coisa foi, ou não saberíamos sequer que foi ano, pois chamamos de “ano” a identidade.

O que quero dizer é que a realidade é complexa e felizmente ela comporta dois lados, podendo ser muito mais proveitosa assim.

Vitória, segunda-feira, 27 de setembro de 2004.

Nenhum comentário:

Postar um comentário