E Aí, Doutor?
REPRESENTANDO TODOS
OS FUNÍS (de
primeiro a segundo grau, a universitário, a mestrado, a doutorado, a
pós-doutorado – os pós-doutores são os bancos do conhecimento, tudo deságua neles)


Os pós-doutores estão no último nível
trófico da cadeia alimentar do Conhecimento (que é: Magia/Arte,
Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática, mas os
magos e os ideólogos não estão representados), pois se alimentam de tudo que é
produzido na Terra. Não é feito para eles, mas é como se fosse.
Todos têm transparência física-química
ou biológica-p.2 ou psicológica-p3, por exemplo, num dia de Sol com ar
transparente, mas os pós-doutores têm o melhor conhecimento de sua época, quer
dizer, transparência mental; desde a primeira universidade, a Biblioteca de
Alexandria, tudo converge para eles. São, quem sabe, 100 mil no mundo inteiro e
têm a seu dispor as melhores bibliotecas, os melhores museus, os mais bem
equipados laboratórios, dinheiro indefinidamente grande, podem conversar na
mesma língua com 100 mil das melhores cabeças da Terra (fora alguns gênios
rebeldes que não estão no reduto). Tem acesso às melhores revistas de cada
ramo, pagas pelo povo e pelas elites via tributos que os governos recolhem; os
canais de banda larga deles dão para passar três elefantes lado a lado; os
conhecimentos da linha de frente estão à sua disposição. Todos trabalham para
os mestres, que ajuntam para os doutores, que dão de mão-beijada aos
pós-doutores. Os outros prestam atenção a eles e se sair algum prêmio Nobel ou
outro será de seu meio, de forma que são os primeiros 100 mil (gostaria de
saber exatamente quantos são) da geo-história humana a estarem em tal condição
superprivilegiada. O povo ouve o rumor distante e em reverência pergunta: E aí,
doutor? Não é àtoa.
Vitória, segunda-feira, 20 de setembro
de 2004.
Nenhum comentário:
Postar um comentário