segunda-feira, 24 de julho de 2017


E Aí, Doutor?

 

REPRESENTANDO TODOS OS FUNÍS (de primeiro a segundo grau, a universitário, a mestrado, a doutorado, a pós-doutorado – os pós-doutores são os bancos do conhecimento, tudo deságua neles)             

Os pós-doutores estão no último nível trófico da cadeia alimentar do Conhecimento (que é: Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática, mas os magos e os ideólogos não estão representados), pois se alimentam de tudo que é produzido na Terra. Não é feito para eles, mas é como se fosse.

Todos têm transparência física-química ou biológica-p.2 ou psicológica-p3, por exemplo, num dia de Sol com ar transparente, mas os pós-doutores têm o melhor conhecimento de sua época, quer dizer, transparência mental; desde a primeira universidade, a Biblioteca de Alexandria, tudo converge para eles. São, quem sabe, 100 mil no mundo inteiro e têm a seu dispor as melhores bibliotecas, os melhores museus, os mais bem equipados laboratórios, dinheiro indefinidamente grande, podem conversar na mesma língua com 100 mil das melhores cabeças da Terra (fora alguns gênios rebeldes que não estão no reduto). Tem acesso às melhores revistas de cada ramo, pagas pelo povo e pelas elites via tributos que os governos recolhem; os canais de banda larga deles dão para passar três elefantes lado a lado; os conhecimentos da linha de frente estão à sua disposição. Todos trabalham para os mestres, que ajuntam para os doutores, que dão de mão-beijada aos pós-doutores. Os outros prestam atenção a eles e se sair algum prêmio Nobel ou outro será de seu meio, de forma que são os primeiros 100 mil (gostaria de saber exatamente quantos são) da geo-história humana a estarem em tal condição superprivilegiada. O povo ouve o rumor distante e em reverência pergunta: E aí, doutor? Não é àtoa.

Vitória, segunda-feira, 20 de setembro de 2004.

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