quarta-feira, 26 de julho de 2017


Cozinhando na Panela dos Vulcões

 

                            De ter pensado que os vulcões trazem de dentro da Terra a lava que vem do manto, onde há grande calor, tinha raciocinado que essa era uma das razões de as pessoas ficarem em volta deles: havia meramente mais energia para financiar o brotamento de tudo. E isso é verdade: na terra virgem e extremamente fértil viceja tudo, até em não se plantando, trazidas as sementes pelos pássaros que defecam, como é tradicional.

                            Mas há um motivo adicional.

                            A lava traz radiatividade em grande densidade, muitas emissões por decímetro cúbico. A crosta da Terra, deixando vazar pelo lado de cima para a atmosfera a radiatividade dos antigos materiais expostos, retém a que está no interior do planeta, porque na alternativa em vez de estar exposta ao exterior a radiatividade deve atravessar as placas continentais. Além de serem péssimos condutores de calor os materiais da crosta impedem que a radiatividade encontre o ar, através do qual se espalharia universalmente a todas as partes do Globo. Pelo contrário, sendo focal o vulcão ele emite só ali; enquanto as fissuras o fazem em linha, por exemplo, a fissura Meso-Atlântica.

                            Então, é de se pensar que os pontos vulcânicos e as linhas das fissuras, por trazerem material novo das profundezas, tragam calor e junto com ele radiatividade “nova”, emissões que se liberam no ar; nesses lugares, tanto pontos quanto linhas, a pressão radiativa deve provocar muitas mutações. Neles devem aparecer muitos seres novos, principalmente, ou quando da queda de meteoritos e cometas. Ora, os seres recém-inventados não possuem competidores e crescem espantosamente, até utilizando o que não era usado pelo leque anterior de plantas e animais. Eles se multiplicam assombrosamente, com grande fertilidade dupla: 1) mais do antigo modo; 2) no novo modo. Assim, todos os seres vão tender a procurar esses lugares, criando colônias em volta deles, inclusive os seres humanos; do que é uma prova o Vesúvio, proximidades de Nápoles na Itália, que constantemente cospe fogo e, no entanto, as criaturas não saem de lá. Então, se formos a outros mundos, devemos buscar vida em volta dos vulcões e dos lábios das fissuras (estas, em geral, estão no fundo dos mares, mas não sempre). E se formos buscar fósseis de criaturas recém imaginadas pela Natureza devemos procurá-las na panela dos vulcões, pois é lá que ela cozinha, preparando a nova fornada. Assim, as novas criaturas surgem: a) depois da queda das flechas; 2) em volta dos vulcões; 3) nos lábios das fissuras.

                            Vitória, sexta-feira, 24 de setembro de 2004.

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