sábado, 24 de junho de 2017


Quando Adão Viu os Cavalos

 

                            Quando Adão chegou à Terra e viu os cavalos correndo soltos nas planícies ficou verdadeiramente alucinado, pois o planeta de onde tinha sido tirado para ser reconstruído e colocado em Paraíso não os tinha. As pessoas presumiram, nas lendas da Bíblia, que eles estivessem presentes em Éden, lá na estrela Canopus, mais de 300 anos-luz do Sol, mas não estavam.

                            As serpentes-do-Paraíso têm pernas curtinhas, não podem montar cavalos, pois as perninhas estão perto do rabo, são curtas, curtinhas mesmo, ínfimas (tanto assim que nem aparecem no Vaso de Warka, onde estão ocultas pelos mantos). Essa foi a razão principal porque o usou o proibido transferidor de mentes (isso encurtou sua vida em muitos milênios e alterou todo o futuro). Teve de compor dos corpos sapiens um habitáculo para si, Eva e Set, diminuindo as vidas naturais das serpentes. Set achou, como criança que era, ter sido em virtude de seu pedido e Adão deixou que assim pensasse, mas na realidade foi um desejo fundo de sua alma que alterou todo o planejamento de Deus, mais uma vez. Os desejos de Adão e Eva interferiram sempre.

                            Vai daí que quando Adão transferiu sua mente (e GAP, gerador de autoprogramas) para o corpo sapiens MUITO MELHORADO, pôde enfim cavalgar e esse foi um dia glorioso para ele. Depois os seus sempre tiveram esse gosto intestino de andar a cavalo, o que se tornou emblemático na Cidade Celestial – toda família (e, principalmente, todo homem, todo macho descendente) tinha seus cavalos e virou costume dar ao primogênito em seu sétimo aniversário um belo animal. Esses cavalos foram aprimorados geneticamente dos naturais aparecidos na Terra.

                            Quando Adão foi para o Japão, em Kitami-Esashi, Hokkaido, construir o gerador de átomos, o Altar de Adão, levou seus cavalos prediletos e fazia longos passeios por lá, em total solidão, com seu exoesqueleto inteligente, com seus robôs, com suas quimeras e nativos olhando-o nas horas de folga geral. Isso, por sua vez, gerou nos nativos uma ânsia cuja ousadia correlata manifestou-se muito depois. Dos cavalos deixados, descendência selvagem, nasceram os belos garanhões japoneses.

                            Para Adão, poder andar nos cavalos foi um prêmio formidável, pelo qual trocou vários milhares de anos de vida, imagine só! Então, em toda parte, ele cavalava, rindo como uma criança, feliz como nenhum ser tinha sido antes na Terra (e, talvez, depois também).

                            Vitória, domingo, 30 de maio de 2004.

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