A Pequena Nave
A pequena nave não
era realmente pequena. É que a Grande Nave era realmente grande, gigantesca, um
pequeno mundo, e era redonda, não por conta do atrito, como já ficou posto, mas
para facilitar o envolvimento da bolha magnética que a separa do mundo para
viagem superluminal. Claro, perto da Grande a pequena ficava de fato pequena,
relativamente minúscula, mas em termos absolutos era do tamanho de um campo de
futebol, pois devia carregar o exoesqueleto gigante, os muitos robôs, os
centauros que iam e vinham de K-E, materiais, alimentos, uma quantidade variada
de coisas úteis e inúteis tanto naquela que Adão usava quanto na outra, que Eva
a mando de Deus utilizava sem que ele soubesse.
Ela não entrava em
nenhum hangar, como se vê nos filmes de FC – isso é bobagem, dispor dentro de
um imenso espaço, muito maior que a nave que entraria, pois seria necessário
volume de manobra. De modo nenhum, sendo uma lente biconvexa - como uma
lentilha - ela se acoplava de um e outro lado numa doca assemelhada espelhar e
côncava. Quando ali colocada parecia desenho circular da Grande Nave, dela não
se distinguindo. E assim podia acoplar-se tanto de um quanto do outro lado. Em
tese a GN poderia ter toda a sua superfície coalhada de naves pequenas. E como
essa superfície era, para qualquer padrão, imensa, caberia ali uma infinidade
de naves pequenas. As pessoas saíam “por cima” ou “por baixo”, isto é, para o
lado que desse para a GN. Podiam, até, eventualmente sair por alguma porta da
circunferência, seja na GN seja nos planetas, no caso a Terra.
Quanto a si mesmo,
ela tinha autonomia de vôo para ir a qualquer lugar do planeta, entrar e sair
dele e até viajar entre as estrelas pequenas distâncias, quatro anos-luz, mas
nunca era usada para isso, porque não tinha os dispositivos hiperluminais –
viajaria a velocidades “extremas”, sempre frações da luz. Facilmente poderia
viajar dentro do sistema solar, muito confortavelmente, porém só um louco a
usaria para viagens interestelares. Na Terra, também, seu peso era grande e
consumia uma energia bárbara, porisso nunca era usada corriqueiramente. Para
pequenas viagens Adão usava seus artefatos, seus robôs voadores, como Pégasus
(a que ele, por amar os cavalos, deu forma assemelhada a eles; além do quê,
Pégasus = SATANÁS, seu inimigo jurado – ele gostava de simbolizar estar
montando no inimigo).
Vitória, domingo, 06
de junho de 2004.
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