domingo, 25 de junho de 2017


A Esperteza de Ulisses e o Cavalo Construído

 

                            Ulisses certamente era um dos Mais-Velhos, muito antigo, e quando propôs a passagem do que seria depois conhecido como Presente de Grego, o Cavalo de Tróia, não foi nenhum truque banal de colocar gente em sua barriga, porque devemos pensar que os atlantes não eram idiotas, mesmo os decaídos. Eram descendentes de Adão e mesmo este não lhes dando toda sua competência, através de cuidadosa exclusão do perigo, ainda ficou muito.

                            Assim, de propósito Ulisses imaginou um símbolo que remontasse a Adão (um cavalo, que ele amava ao desespero, como já ficou dito, especialmente um alado = CAVALO, na Rede Cognata). Assim, falava do Pai, amado por todos, tanto os de fora, Puros ou Renegados, quanto os de dentro, os Impuros. E as asas grandes, imensas, impediriam que se pretendesse levá-lo pelas portas, ademais muito pequenas para seu tamanho. Fizeram-no praticamente irremovível, pelas razões que veremos – muito, muito pesado, de modo a solar a terra da rampa que deveria ser construída, tornando-a sólida e permitindo a subida de um lado e a descida do outro. De modo algum ele deveria poder ser transportado pelas portas, cujas dimensões estudaremos. Era fundamental que os troianos se dispusessem a construir as rampas de terra.

                            Assim, o cavalo era grande e maciço. Também não havia jeito de colocar gente dentro, porque a transposição demoraria dias, semanas mesmo e os ocupantes precisavam comer, defecar, urinar, sempre denunciando suas presenças. Além do quê, é evidente, a primeira providência dos troianos celestiais foi justamente queimar o animal de madeira. Isso teria torrado os ocupantes, mesmo a mais leve fumaça sufocando-os em espaço necessariamente exíguo. Não, nada disso, o animal era quase sólido, muitíssimo pesado, de amplas asas e SÓ PODERIA PASSAR PARA DENTRO POR CIMA DAS MURALHAS, sendo necessário construir as rampas. O caso é que o mais de milhão de soldados, que de início chegou, logo se reduziu à metade por deserção geral, aquela insatisfação advinda da decepção, logo dos primeiros anos da década que durou o cerco. Uma parte foi morta nas investidas de um e outro lado. Mais da metade da metade morreu de doenças e epidemias e finalmente sobraram bem poucos em relação a todos que lá chegaram, depois do quinto ano talvez um sétimo, em todo caso menos de duzentos mil. Ainda eram muitos para os menos de 100 mil do início dentro, também bastante reduzidos, mas se mais de um milhão não tinha conseguido transpor as muralhas, como é que menos de um quinto o conseguiria? Era porisso mesmo que ninguém atacava TO. Vem daí a necessidade do artifício.

                            O cavalo-alado diante das portas parecia reverência, capitulação dupla, uma à “verdadeira linhagem” de Adão, com implícito reconhecimento da soberania de TO, a outra da valentia dos sitiados, e um desafio: “você o têm, mas não conseguirão levá-lo para dentro, porque nós o fizemos de tal modo que é praticamente impossível movê-lo e principalmente transpor as muralhas”. Ora, não há nada melhor que um desafio para dobrar a vontade alheia e bastou isso para tentar os celestiais de dentro. Eles enviaram batedores a dezenas de quilômetros em volta, mas nenhum Renegado ou rei cooptado foi visto e assim depois de semanas e de terem tocado fogo no cavalo finalmente decidiram erguer as rampas de terra por dentro e por fora da linha das muralhas. Assim o cavalo entrou e levou destruição a TO. Mas isso permitiu o nascimento da civilização humana.

                            Vitória, sexta-feira, 04 de junho de 2004.

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