Vacuômetro
Vácuo é relativo a
vazio e metro a medida, medidor-de-vazio.
Gabriel e eu
estávamos no supermercado e ele zombou dos idiotas que colocam “alto vácuo” nas
embalagens de café.
De fato, é incorreto
mesmo.
Porque o vácuo,
assim como a gravidade que não zera nunca, efetivamente, também nunca é
perfeito. Vácuo é vazio, não existe “alto vazio”, porque vazio é não-ter; seria
como dizer “alto zero”, por contraste supostamente havendo um “baixo zero” e
vários zeros intermediários. Vácuo seria θ
= 0, para usar essa letra grega, teta, para indicar o vazio, aquele que é total
mesmo e não pode ser obtido (isso rende uma discussão). Poderíamos até adotar
uma convenção para indicar as várias relações nas tentativas de atingir V0.
Θ1 = 10-10, θ2 =
10-9 e assim por diante, dividindo-se por potências de dez,
qualquer coisa do estilo, indicando o estado de rarefação ou divisão molecular
a um padrão relacional. Porque, é evidente, o vazio é uma relação com o cheio e
se o cheio não for marcado não saberemos de qual vazio estamos falando.
Só
porque são comerciantes, os pobres devem ser deixados em estado de ignorância?
Não, não é? Os tecnocientistas deveriam intervir para adotar um
padrão-de-simbolização que pudesse ser estampado nos rótulos das embalagens de
todo gênero de produto “embalado a vácuo”, dizendo-se precisamente de que tipo
seria ele. Os T/C deveriam se pronunciar para ajudar essa gente. Ficam lá nos
laboratórios e nos escritórios das universidades e não se interessam pela vida
prática. Do outro lado os comerciantes, não sabendo como se pronunciar
corretamente, fazem e dizem qualquer coisa que lhes vem à cabeça.
Vitória,
sábado, 28 de fevereiro de 2004.
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