Terapia de Choque
Imaginei a seguinte
situação para filmes, um piloto e seriado, se emplacar: em qualquer situação,
de pessoa que não vê mais motivos para continuar vivendo, achando tudo ruim na
vida, ela é levada a uma determinada clínica onde prometem a cura e vai achando
que será só mais uma “terapia de choque”, de eletrochoques, mas essa é
diferente. Lá esse indivíduo (homem ou mulher) muda sua mente para um outro
corpo. Pode ser um aleijado, um anão, se branco para preto ou vice-versa, para
mulher ou homem (se homem ou mulher), para pobre ou rico, sempre alguma
situação que essa pessoa julgará de início adversa ou benéfica.
Quando ela acorda da
injeção, eis que está em outro corpo com o qual terá de aprender a viver. De
nada adiantará dizer que é outra pessoa, que o corpo certo não é aquele, vão
levar à conta de paranóia associada a tratamento psiquiátrico, até que ela se
acostume. E verá com o tempo que há muitas gratificações, adotando uma nova
percepção-de-mundo, o que será lição também para os espectadores (que se verão
dentro do novo corpo). Com isso poderemos esposar os pontos de vistas de várias
frações desprestigiadas e abandonadas, percebendo melhor sua luta para
sobreviver (a retratação deve ser A MAIS FIEL POSSÍVEL, construindo-se roteiros
com base nas vidas dessas pessoas prejudicadas em relação às médias aprovadas).
Se for corpo de anão
teremos condição de ver como os anões vivem (inclusive com as câmeras à altura
dos olhos deles). Podemos encarnar as prostitutas, os cegos (quando a câmera
estivesse nos olhos deles a tela ficaria escura, só com sons), os dementes, os
índios, os aleijados tetraplégicos, os velhos, as crianças (algumas cenas muito
tocantes ocorrerão) – devendo-se realizar pesquisas de como REALMENTE vivem as
pessoas nessas condições. Podemos visitar situações de vida as mais
disparatadas, sempre grandes dificuldades que só imaginamos, mas não sabemos
mesmo como é viver nelas. Não deve ser ótica conformista, de modo algum, e sim
a luta forte, grande batalha para cada um levar sua cruz.
Vitória,
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2004.
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