O Diário de Adão
Se é que Adão se
daria a esse trabalho, veja só que interessante é introduzir na coletânea Adão Sai de Casa a idéia de que ele
registrou diariamente suas impressões do que acontecia à sua volta, as primeiras
notas lúcidas do período que vai de 3,75 a 2,82 (década de sua morte, após 930
anos de vida, está na Bíblia) mil antes de Cristo. Nada menos que 930 anos, 93
décadas, nove séculos dia-após-dia – isso não tem preço. Desde quando chegou do
planeta apelidado Paraíso na estrela Canopus (mais de 300 anos-luz do Sol),
como viu tudo pela primeiríssima vez, como organizou os nativos da pré-história
(literalmente, porque imaginamos que ele doou a língua escrita e, portanto, a
geo-história aos humanos), a organização dos servos (= PADRES = PASTORES =
SACERDOTES) que iriam conduzir as ovelhas humanas para a tosquia de trabalho,
os lanifícios dos “deuses” adâmicos (= ATLANTES = GOVERNANTES = CELESTIAIS,
etc.). Ver surgir e desaparecer (930/30 =) 310 gerações humanas, olhe só, isso
seria um néctar. E se houvessem registros contínuos de imagens, seja através do
processo fotográfico lá dele, seja por filmadora, em qualquer gênero de disco
que precisaríamos decifrar, seria o supra-sumo do jardim das delícias dos
arqueólogos, logo enfeitiçados para sempre. Eles endoidariam de vez.
Mas onde estaria uma
coisa assim?
Imaginamos que os
corpos de Adão e Eva (diferentemente de seus descendentes, emparedados nas
pirâmides) estão separados, postos em Kitami-Esashi, Hokkaido, Japão, 45º
Norte, siga a trilha. Lá deve haver um sarcófago especial onde Adão sonha seus
sonhos até redespertar. Será que esse banco de dados estará por lá, também?
Penso que Adão treinou seus descendentes, mas que ele também desconfiava de
traição (pois foi barbaramente traído por Eva e o Serpente) e sabia do modelo
que a soma zero 50/50 sempre dará 50 % de chances à perfídia. Portanto, deve
ter separado algumas coisas das demais, aquelas que não queria que fossem
tomadas pelo Serpente e seus descendentes e mesmo pelos adâmicos, porque as
pessoas sempre podem virar folha, passar suas lealdades a outros, como está na
vida e na ficção. A lógica nos diz que ele quereria que ficassem perto de si.
Não sei, mas é o que eu pensaria, se fosse comigo.
Vitória, sábado, 06
de março de 2004.
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