quinta-feira, 25 de maio de 2017


O Diário de Adão

 

                            Se é que Adão se daria a esse trabalho, veja só que interessante é introduzir na coletânea Adão Sai de Casa a idéia de que ele registrou diariamente suas impressões do que acontecia à sua volta, as primeiras notas lúcidas do período que vai de 3,75 a 2,82 (década de sua morte, após 930 anos de vida, está na Bíblia) mil antes de Cristo. Nada menos que 930 anos, 93 décadas, nove séculos dia-após-dia – isso não tem preço. Desde quando chegou do planeta apelidado Paraíso na estrela Canopus (mais de 300 anos-luz do Sol), como viu tudo pela primeiríssima vez, como organizou os nativos da pré-história (literalmente, porque imaginamos que ele doou a língua escrita e, portanto, a geo-história aos humanos), a organização dos servos (= PADRES = PASTORES = SACERDOTES) que iriam conduzir as ovelhas humanas para a tosquia de trabalho, os lanifícios dos “deuses” adâmicos (= ATLANTES = GOVERNANTES = CELESTIAIS, etc.). Ver surgir e desaparecer (930/30 =) 310 gerações humanas, olhe só, isso seria um néctar. E se houvessem registros contínuos de imagens, seja através do processo fotográfico lá dele, seja por filmadora, em qualquer gênero de disco que precisaríamos decifrar, seria o supra-sumo do jardim das delícias dos arqueólogos, logo enfeitiçados para sempre. Eles endoidariam de vez.

                            Mas onde estaria uma coisa assim?

                            Imaginamos que os corpos de Adão e Eva (diferentemente de seus descendentes, emparedados nas pirâmides) estão separados, postos em Kitami-Esashi, Hokkaido, Japão, 45º Norte, siga a trilha. Lá deve haver um sarcófago especial onde Adão sonha seus sonhos até redespertar. Será que esse banco de dados estará por lá, também? Penso que Adão treinou seus descendentes, mas que ele também desconfiava de traição (pois foi barbaramente traído por Eva e o Serpente) e sabia do modelo que a soma zero 50/50 sempre dará 50 % de chances à perfídia. Portanto, deve ter separado algumas coisas das demais, aquelas que não queria que fossem tomadas pelo Serpente e seus descendentes e mesmo pelos adâmicos, porque as pessoas sempre podem virar folha, passar suas lealdades a outros, como está na vida e na ficção. A lógica nos diz que ele quereria que ficassem perto de si. Não sei, mas é o que eu pensaria, se fosse comigo.

                            Vitória, sábado, 06 de março de 2004.

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