quinta-feira, 25 de maio de 2017


½ Galetinho

 

                            O Brasil é mesmo um país ridículo.

                            As coisas aqui vão diminuindo a ponto de se tornarem quase invisíveis, o que está denotado com extremo vigor nas palavras que são adotadas pelo povo, como já mostrei várias vezes. Passei perto de um bar onde estava escrito: “meio galetinho e spagetti”, assim mesmo, nem sabem dizer espaguete, que é a palavra em português.

                            Raciocinemos que GALETO é diminutivo de galo, significando PEQUENO GALO, galinho, aquele galo novo, frangote, diz o Houaiss digital frango novo que se prepara assado no espeto. Galetinho é franguinho-pequeno, é o galeto-pequeno, mínimo, quase um pinto recém-saído do ovo. Deveríamos pensar que quase não tem penas, é um pombo. Então, MEIO ga-le-ti-nho é o quê? Mal deve poder ser divisado no espeto, confunde-se com um cisco, uma mancha.

                            É que a ganância dos empresários é tanta que eles foram diminuindo cada vez mais o tamanho para manter o preço. De forma que passaram de um para meio, para um quarto, para um oitavo: 1,000, 0,500, 0,250 e 0,125, mantendo sempre o mesmo preço, porque não havendo mais inflação tão alta eles não podem ganhar aumentando disparatadamente os preços. Então, reduzem disparadamente o tamanho.

                            É um país que aborrece, porque recebeu de tudo de mão beijada e tornou-se uma bosta, mesmo. O país da fartura que usa todo tipo de expediente para o enriquecimento ilícito. É algo a proclamar no universo inteiro. Acho que merece mesmo uma bomba atômica no rabo, para explodir de vez.

                            Vitória, sábado, 06 de março de 2004.

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