Descartes
dos Livros
Nos sebos vejo os livros vendidos por metade
ou um terço do preço das livrarias, significando que o dono do sebo comprou por
um quarto ou um sexto. Mal o pai ou a mãe, o proprietário original morreu e nem
esfriou no caixão os filhos lá vão entregar suas almas. Ou ainda vivos, dizem
que os drogados, principalmente os usuários de crack vendem tudo da casa, até
os encanamentos, as pias, os azulejos, os marcos das portas.
O dono do sebo vende pelo dobro ou triplo do
que comprou, poderia ser muito mais barato para o comprador e o vendedor se a
venda fosse direta em praça pública, agora que ficou provado - para o
apreciador - que o e-book, livro eletrônico, não vai desbancar os de papel tão cedo
(a menos das providências já colocadas). Não seriam feiras de livros que os
vendessem novos e só acontecem de dois em dois anos, nas bienais de livros, e
sim feiras diárias, talvez como as feiras de alimentos, do que também já falei.
UMA
FESTA MUNDIAL
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Lisboa, parece que existe há muito tempo
por lá.
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É preciso reinventar aqui.
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Conversar, conversar, conversar.
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Juntar todos da carroça para mover o burro.
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O comprador de livros padece de uma
dificuldade: tem de tirar de outras aplicações (inclusive financeiras), digamos
em roupas, em carro, em viagens, bares, festas, sapatos (principalmente
mulheres) e tantas ofertas. E é basicamente ilimitado o interesse, de modo que
poderiam trocá-los (não faria isso, pesquiso, marco) entre si.
Que não exista pelo menos em uma praça das
5.570 cidades brasileiras (e nas vilas do campo) é, para mim, absurdo. E em São
Paulo, com 107 praças, que lá não estejam festejando em alegria a assunção da
humanidade a essa tremenda potência é algo incompreensível. Simplesmente vão
deixando os livros desmilinguirem, apodrecerem, acabarem, virar sebo ou virar
pó. Que as pessoas não desejem comprar mil viagens no lugar daquela única que
fazem por ano é assombroso.
Vitória, segunda-feira, 22 de maio de 2017.
GAVA.
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