Tango do Brasil
Da música Tango do Covil, de Chico Buarque.
Será um cara imenso,
tipo 2 x 2, com grandíssima barba preta, vestido como mocinha com saia rodada
de bailarina, com sapato de ponta, ficando na ponta dos pés, bem gordo, com as
mãos para dentro, todo coquete, recebido no Espírito Santo pelo governador numa
rua com meios-fios pintados de branco, com banda militar vestida a rigor, depois
com palanque, desce o presidente e é conduzido, enquanto os tiros vão pipocando
em volta, anúncios de seqüestros, corrupção geral, com inauguração do
“propinoduto” por Propinácio e Sopelena, tremenda bandalheira do Tribunal DAS
CONTAS.
A voz do cantor, que
é feita pelo governador, como na música do MPB4 será debochada e empolada,
grossa e cruel, depravada e tonitruante, embora ele seja pequeno, baixinho. De
cada lado da rua há um cartaz ralo, de pano que deixa ver as sacanagens por
trás, embora na frente estejam pintadas cenas campestres e casas bonitas, para
simbolizar a realidade brasileira ocultada pela imprensa. E a música vai
tocando, enquanto o cenário vai passando, indicando ao rolar a passagem dos logradouros,
com lancinantes gritos dos metais e altos brados dos tambores, tudo para zombar
do “capixabismo”, da vitoriosa demonstração de ufanismo recente.
O
presidente desce do avião simbolizado e é saudado euforicamente. E quando se
fale de champignon deve estar posto o Banquete da Fome Mais Sublime Aqui Deste
Brasil. E outros desdobramentos, que apuraremos a seguir.
Vitória,
segunda-feira, 29 de dezembro de 2003.
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