domingo, 23 de abril de 2017


Peitos como Símbolos

 

                            Se OS MENINOS (não as meninas, elas eram desprezadas pelas mulheres, primeiro como competidoras por esperma, comida e prestígio, depois como inférteis, até que se tornassem férteis – quando passavam a ser destratadas pelas mais velhas) eram o centro da vida nas cavernas, então o que isso nos dirá sobre relações dos meninos com suas mães?

                            Antes de tudo, peitos são fontes de alimentação, portanto índice poderoso de sobrevivência (peitos murchos ou pequenos vão deprimir os machos); mas, além disso, como indicadores de feminilidade, da capacidade de gerar futuro, eles serão símbolos inexcedíveis, inultrapassáveis e devem ser constantes motivos de sonhos masculinos, especialmente os mais fartos, grandes, que pareçam dar muito leite e sejam redondos, sugerindo estar cheios dele. Nós sabemos como nós homens somos dependentes, o que é extraordinário, por ser a parte feminina mais atrativa, mais que a bunda, indicadora de vagina, ou o umbigo, apontador de alimentação primitiva, umbilical. Os peitos são, sem qualquer adereço, um fetiche por si mesmos, tendo um poder sobrenatural, mágico, dominando qualquer relação com os machos. É impossível não olhar! Da mulher não é preciso, por conseguinte, mostrar o rosto, as pernas (que lembram capacidade de trabalho), os braços (que indicam governabilidade, capacidade de realização – diferente do mero trabalho), as ancas (que mostram a capacidade de parir eficazmente) ou a bunda (que sugere relação, mas isso é depois), só os peitos. Peitos grandes, mas não exagerados - pois aí já significariam incapacitação diária - servirão de passaporte em qualquer relação.

                            Pois, se para as mulheres os filhos são centrais, para os homens a capacidade de alimentá-los, de entregar o filho pronto aos 13 anos é o que vale. Então, homens vão mirar a capacidade feminina de habilitar os guerreiros. E igualmente as mulheres terão apreço pelos peitos grandes, fornidos, porque significarão a capacidade de atrair os machos hábeis, de sustentar os meninos (aposto que as meninas eram desmamadas logo), de produzir futuro.

                            Vitória, terça-feira, 30 de dezembro de 2003.

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