domingo, 23 de abril de 2017


O Tempo que é da Mulher

 

                            Focando o olhar sobre a lógica do Modelo das Caverna dos homens caçadores e das mulheres coletoras podemos ver, com os homens fora, as mulheres dentro e fora de cavernas com dezenas e até centenas de membros.

O CENSO DAS CAVERNAS (na ausência dos homens) – siga a trilha dos raciocínios

·        Mulheres de todas as idades (a Rede Cognata – consulte o Livro 2, artigo Rede e Grade Signalíticas – diz que mulher = MENINA = MOÇA = MÃE = NÓS = A/SÓS (as-que-não-estão-sozinhas) etc. Todas são mulheres, desde que nascem, porque já nascem com todos os óvulos);

·        Velhos homens, guerreiros decaídos (a mais humilhante das condições, ficar bastante velho para voltar a ser mulher, como se foi na infância – esse será o maior medo dos velhos homens);

·        Pseudomachos (corpo de homem, mente de mulher), fonte alternativa de esperma quando toda outra solução falhe;

·        Anões (outras fontes em caso de perigo) e anãs;

·        Meninos até os 13 anos, digamos – até o rito de passagem, que era uma festa universal na caverna, PORQUE uma “menina” se tornava homem (até então eram tratados como meninas, o que os envergonhava).

Concluí disso que ERAM AS MULHERES que superprotegiam os meninos, distinguindo-os das meninas, alimentando-os melhor porque percebiam, quase nitidamente, que o futuro da tribo dependia deles e não das meninas (pois estas, pela lógica, seriam vasos-de-depósito de esperma). Conseqüentemente a fonte de preconceito não era masculina. Não poderia ser, porque até os 13 anos os garotos eram meninas e seriam tratados assim pelos homens, já que constituiriam um peso extra inútil na guerra de caça ou na guerra intertribal; mais atrapalhariam que ajudariam. Ora, isso era angustiadamente sentido pelos meninos, libertados então aos 13. Até aí estavam nas mãos das mulheres, que lhes davam tratamento especial. Foram os homens, muito recentemente, que passaram a dar tratamento igual às meninas e não as mulheres. ELAS é que eram segregacionistas. E isso durou dez milhões de anos, todo o tempo dos hominídeos, estando profundamente cravado na genética humana.

TUDO na caverna gira em torno dos meninos, que tinham todas as regalias, todos os confortos que eram negados ao resto (inclusive todas as mulheres). Senão, como explicar que os homens tenham se tornado maiores? É que os garotos eram mais bem alimentados desde o útero. É possível que as mulheres tenham desenvolvido métodos (o que poderá ser rastreado na geo-história) para saber antecipadamente se a gestação era de menino ou menina, visando alimentar melhor as mulheres que teriam meninos (evidentemente pode ter havido enganos e haviam mesmo, o que certamente causava constrangimentos, porque nascimentos de mulheres não eram bem vindos – como continuam não sendo em tantas partes do mundo).

Então, o tempo das mulheres era até quando elas podiam engravidar – o anúncio terrível era a sangria. Deixavam se ser meninas, isto é, de terem tempo de se divertirem, para mergulharem na vida coletiva na qual JAMAIS voltariam a ter folga ou tranqüilidade, servindo daí em diante ao coletivo. Podemos concluir que às mulheres só era dada individualidade até a menstruação. A partir daí elas deixavam de ser indivíduos para fazerem parte do coletivo: NÓS. Nunca mais tinham um tempo só seu. Isso não foi conhecido até muito recentemente, razão pela qual as mulheres têm o maior interesse em caminhar para o futuro, nunca para o passado.

Vitória, sexta-feira, 26 de dezembro de 2003.

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