O Homem de Seis Pernas

 

                            Foi um susto quando eu olhei assim, mas um homem montado num cavalo é um ser de seis pernas e dois braços – comporta as características humanas e as cavalares.

                            Que reunião portentosa foi essa!

                            1) de um lado os cavalos ganharam uma cabeça espantosa, que resolve quase todo gênero de problema quando há empenho suficiente e que foi crescendo em poder PESSOAL (individual, familiar, grupal e empresarial) e em poder AMBIENTAL (municipal/urbano, estadual, nacional e agora mundial);

                            2) do outro os seres humanos receberam um corpo formidável, capaz de proezas insuspeitas. Em lugar de andar a seis km/hora pode correr a 30, 40 e até 60 km/hora e em lugar de atravessar 50 km por dia pode ir tão longe quanto 300 a 500 km, trocando de animais, como faziam os correios imperiais. Podem com tempo suficiente, paciência e determinação percorrer distâncias de três ou quatro mil quilômetros, levando cargas pesadas, sem se cansar o cavalheiro.

                            Longe está de ter acabado a Era do Cavalo, pelo contrário: quanto mais se afirme a civilização tecnocientífica mais o cavalo ser revalorizado com elemento nobre, quando compreenderem melhor seu valor e sua dignidade própria indobrável. Quando mais o mundo se encha de gente, encurtem os espaços, aligeirem-se os tempos, aumentem as velocidades, diminuam as liberdades, tanto mais se celebrará o cavalo como o ícone da independência.

                            Ah! - o Cavalo geral não foi estudado ainda suficientemente. Quando o for um novo surto de proximidade com ele será iniciado e todos quererão ter cavalos, que obviamente custarão caro, não só pela grande procura, pelo espaço de criação exigido, cuidados de estábulo ou haras, consumo de alimentos e cuidados veterinários, como porque todos quererão as melhores estirpes, as famílias ou os indivíduos mais nobres dentre todos. Com a arquiengenharia genética eles serão ainda mais aprimorados e valores perdidos serão despertados dos íntrons.

                            Vai ser um tempo bonito.

                            Vitória, quinta-feira, 13 de novembro de 2003.