Nós
Mais e mais tenho
pensado no Modelo da Caverna, de que outrora falou de diversa forma Desmond
Morris no seu O Macaco Nu.
Sendo as mulheres
coletoras que viviam em volta da caverna e os homens caçadores que iam longe em
busca de proteínas, o que da lógica do raciocínio nos vem? Ora, se as mulheres
ficavam juntas, com crianças, velhos e aleijados, que gênero de compromisso (a
grande marca dos sapiens é justamente essa da simpatia pelo próximo e foi ela
que criou a civilização e lhe deu esse impulso que imprimiu enorme velocidade à
construção) elas criaram? Esse de ficarem juntas e criarem um vínculo, que é feito
tanto de palavras quando de gestos, quase de pensamentos.
Veja que na Rede
Cognata (Livro 2, Rede e Grade
Signalíticas) nós = MULHERES = MENINAS = MÃES = MOÇAS = RAPAZES (o que é
esquisito à bessa) = MENINOS, etc., ao passo que homens = SÓS = SOZINHOS =
PRISIONEIROS = PÊNIS = PIRUS = PÔRRA = PERVERSOS, etc.
Nós nunca
conheceremos essa identidade feminina das cavernas, essa convivência íntima, ao
passo que elas também nunca saberão da convivência de caça, dessa proteção
mútua que devemos providenciar para o grupo os que fazem guerra. Nunca
saberemos o que elas querem dizer com “nós”, as mulheres, ao passo que elas não
conhecerão o sentimento de ser “sós”, os homens, os esteios do mundo, o
inquebrável que nunca pode arredar. Porisso que essa coisa de homem sensível,
que chora, que se derrete, é mesmo coisa de boiola, de veado, de fresco, de
enrustido que quer aproveitar a oportunidade para afeminar.
Assim sendo, quando
as prefeituras oferecem praças descobertas, que não imitam a intimidade da
caverna, o ajuntamento e o apertamento dentro delas, a escuridão e o
compartilhamento, a convivência íntima, sabemos que elas não consultaram as
mulheres (que falam pelas crianças, que não sabem se manifestar). As
prefeituras deveriam revisar suas posições, estudando atentamente a Psicologia
da Caverna, digamos assim.
Vitória, quinta-feira,
13 de novembro de 2003.
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