No Lombo de Quem
Mandou Dar
Geraldo Vandré
escreveu Aroeira, cuja letra está em anexo. Na teatralização colocaremos mais
informações.
Aqui devem estar no
palco imensos tambores japoneses, aqueles bumbos gigantescos, de modo a
estrondear mesmo o teatro. Só tambores e o que puder imitar gemidos de intenso
sofrimento. E ao ser cantada a música, na parte que diz “escrevendo numa conta
pra junto a gente cobrar” vários artistas devem descer para junto do público e
com cada um ir fazendo como se estivesse anotando direto da consciência dele ou
dela. E outros irão brandido chicotes nas paredes (claro, não se vá machucar as
pessoas – é tudo simbólico) e no chão. E alguns “vestidos de povo” (operários
da construção civil, lavadeiras, garis, etc.) gritarão “eu também sei governar”
e outros ainda “é a volta do cipó de aroeira” e outros “o dono senhor de tudo
sentado mandando dar”, ao que os outros ainda irão ripostando, replicando tudo
aquilo: “eu também sei governar” e “escrevendo numa conta pra junto a gente
cobrar” e assim anarquicamente em tudo quanto é direção e sentido, de modo a
inquietar mesmo a platéia durante muitos minutos, todos os que forem possíveis
sem torrar a paciência. Aí as portas do teatro serão abertos e as pessoas
sairão chicoteando o mundo e fazendo grande arruaça. Grande bagunça mesmo, como
se tivesse saído fora de controle do diretor de cena.
Vitória, domingo, 21
de dezembro de 2003.
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