sexta-feira, 21 de abril de 2017


Haja Chão!

 

                            A revista da National Geographic publicou matéria mostrando descobertas de artefatos de um túmulo cita em qualquer lugar das estepes e fiquei pensando no medo dos arqueólogos de que se esgotem as fontes de pesquisa em campo. Que tolice! Basta analisar minimamente para ver que isso não se dará em nenhum prazo que a tecnociência humana atual possa vislumbrar.

                            Os citas eram um povo irânico ariano que desceu das estepes lá por volta dos séculos VIII e VII antes de Cristo devastando tudo a cavalo e finalmente se assentando na Pérsia e na Grécia, mesclando-se com os dali. Por volta do século II antes de Cristo a cultura ou povelite ou nação independente deles tinha sido absorvida na península da Criméia - denominada antigamente Quersoneso Táurico pelos gregos, no que é hoje a Ucrânia - que se estende pelo mar Negro e foi palco de uma guerra violenta, a Guerra da Criméia, de 1853 a 1856.

                            Observe que a Criméia é apenas uma península do mar Negro, que tem 461 mil km2, o equivalente a pouco mais de dez vezes a área do Espírito Santo (45.597 km2). É pequena, frente aos 17,1 milhões de km2 da Federação Russa, as estepes talvez constituindo 2/3 de seu território amplamente inexplorado, porque gelado para os lados da Sibéria, que tem 13,5 milhões de km2, compondo 79 % da área da Rússia.

                            O que são 13,5 milhões de km2? Nada menos que 1,6 vez o território do Brasil e mais de 296 vezes o do Espírito Santo, este que estamos longe de ter pesquisado sequer em um por cento do sub-solo. Não há verbas para buscar sequer além de um décimo milésimo (1.350 km2), pois a Rússia está no bagaço (e quem do Ocidente desejaria enfrentar o gelo sem recompensas imediatas?), quanto mais tudo.

                            Em resumo, é idiota pensar assim, de que a ausência de notícias é equivalente de não ter havido passado, como sabemos largamente de só termos tido consciência de um continente imenso, a América, 42,6 milhões de km2, depois de 1500, sem falar na Austrália, mais 7,7 milhões de km2, e a Antártica, 14,1 milhões de km2. Os hominídeos estiveram na Terra por 10 milhões de anos e mesmo os 100, 50 ou 35 mil dos sapiens devem ter deixado quantidade inacreditável de marcas espalhadas pelo solo. A aventura da busca mal arranhou um patrimônio incalculável de fatos do passado. Quem começou agora é que está bem, porque não precisou principiar com instrumentos inadequados, pois já aconteceram avanços formidáveis.

                            Vitória, domingo, 28 de dezembro de 2003.

Nenhum comentário:

Postar um comentário