quinta-feira, 20 de abril de 2017


Guia de Objetos

 

                            Como vimos no Modelo da Caverna dos homens caçadores e das mulheres coletoras a atividade de coleta das mulheres desenvolveu-se através de 10 milhões de anos pré-sapiens e 100, 50 ou 35 mil anos sapiens, conforme as avaliações, tornando-se ATIVIDADE MUITO ESPECIALIZADA. Quer dizer, as mulheres não estão nisso há duas semanas, elas guardam GENES DA ESCOLHA, por assim dizer, toda uma longuíssima preparação.

                            Antes de ter pensado nisso eu também tinha como certo que a escolha fosse tranqüila, fácil, assim como nós homens miramos, pegamos e levamos, sem mais delongas. A Escolha geral, tão específica e determinada, tão sutil e profunda, vem de milhões de anos de preparação, ao passo que a religião, por exemplo, existe há menos anos que os sapiens, segundo se diz agora – deve ser coisa sábia mesmo, não existindo para os pré-sapiens. Pelo contrário, para a coleta há todo um embasamento hominídeo – já nascemos sábios herdeiros de milhões de anos de coleta e caça.

                            Assim, a escolha é para as mulheres verdadeira fixação, algo de assombroso mesmo, mais que uma religião, uma dedicação de vida inteira. TER NASCIDO MULHER significa ser portadora ou herdeira dessas espantosas compulsões antiqüíssimas. A Escolha geral não foi estudada suficientemente a fundo – nem de longe. Mal arranhamos a superfície dessa veneranda atividade. Devemos ainda estudar a Coleta geral por décadas a fio e com grande dedicação e interesse, pois ela é a base de um número sem fim de vontades humanas, tanto femininas quanto masculinas. De fato, olhando agora, vejo que as mulheres tem uma RELAÇÃO UMBILICAL (antiga e primordial, elementar e alimentar) com os objetos e que é preciso criar esse GUIA DE COLETA DE OBJETOS, uma revista que dê depois num programáquina cativo Guia de Objetos 1.0 (à Microsoft crescendo de três em três anos) que oriente para a escolha de todo tipo de coisas, de bijuterias a figuras, quadros e tudo mais e que as mulheres possam comprar e colecionar – com orientações de endereços reais e virtuais, com preços e cuidados, com tudo que RETOME essa atividade que as estabiliza, que as sara da doença da não-compra, da não-coleta. Pois será verdadeiro que comprar é, para as mulheres, curar-se de doença. Não é meramente ir e pegar, como para nós, homens. Se elas não comprarem adoecerão.

                            Vitória, segunda-feira, 22 de dezembro de 2003.

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