sexta-feira, 21 de abril de 2017


Falando de Viagens...

 

                            Confundindo realidade e Matemática nós colocamos os números da última na primeira e ficamos sem entender nada. Podemos escrever 10.000.000.000, mas o que é isso?

MAS, O QUE É ISSO? (Uma viagem até Próxima do Centauro, que fica a 4,5 anos-luz)

4,5 anos-luz

X 365,25 dias/ano

X 86.400 segundos/dia

X 300.000 km/s (velocidade da luz no vácuo)

= 4,3. 1013 km

Quanto é isso? Escrevendo é 43.000.000.000.000 (quarenta e três trilhões de) km. Dá para falar, mas para entender é outra coisa.

Bem, para ir de um lugar a outro devemos nos deslocar, e uma velocidade que podemos administrar no espaço é 40 mil km/hora ou (40.000 km/3.600 s =) 11,1 km/s; assim, a essa velocidade, levaríamos 3,9. 1012 segundos para ir a Próxima – ou coisa de 121.162,6 anos (cientificamente é melhor dizer coisa de mais de 120 mil anos, pois o processo não permite aquela precisão). Se colocarmos numa página 72 colunas (toques) por 41 linhas teremos 2.952 pontos ou pixels por página, cada ponto significando ano de viagem - uma página seria tanto quanto de Salomão em 900 anos antes de Cristo até os dias de hoje - seria preciso acumular mais de 40 páginas dessas para chegar a Próxima.

Porém, quanto é 40.000 km/h?

Nessa velocidade você daria a volta à Terra numa hora. Colocando em velocidade de carros, pensemos em 130 km/h, a distância de Vitória a Linhares numa hora, que é velocidade administrável no limite do perigo – com ela seria possível ir e vir a/de Linhares quase 154 numa hora. Nisso você teria cumprido só os primeiros 40 mil km e há mais de um bilhão desses metros de 40.000 km até Próxima. Não há para imaginar.

O que nós conseguimos compreender é até seis. Oito horas é o que se gasta de ônibus de Vitória até o Rio de Janeiro, mas é enjoado à bessa. O ser humano não vence espaços e sim tempos. E também só sabemos naturalmente contar até quatro ou cinco, tudo que ultrapasse isso sendo penoso para nós. Para vencer a distância (para facilitar vou usar 4,5) até Próxima, de 4,5 anos-luz, deveríamos desenvolver um ano-luz POR HORA, mas não sabemos desenvolver não os 300.000 km/s, porém sequer mais que 11,1 km/s (40.000 km/h).

E quanto seria UM ANO-LUZ POR HORA?

UM ANO-LUZ POR HORA (a distância que é cumprida pela luz em um ano seria atravessada em apenas uma hora, numa velocidade 365,25 x 24 =8.766 vezes a da luz no vácuo)

300.000 km/s

X 3.600 s/hora

X 24 horas/dia

X 365,25 dias/ano

= 9,5. 1012 km/ano

Naturalmente 4,3. 1013 km : 9,5.1012 km/ano = 4,5 anos-luz. Veja que isso é 8,5. 1011 vezes a velocidade de 11,1 km/s que sabemos imprimir hoje. A distância até Plutão, o mais distante planeta do sistema solar, é de 7.375.106 km e pode ser vencida em linha reta à velocidade de 40.000 km/h em 21 anos. Pois bem, àquela estonteante velocidade de um ano-luz por hora a distância até Plutão seria vencida em (7.375.106 km: 9,5. 1012 km/hora =) 0,000 8 hora ou menos TRÊS SEGUNDOS, quer dizer, você sairia do Sol e estaria além de Plutão em três pulsações de seu coração. Não adianta se enganar é dessa velocidade que precisamos para ir num tempo confortável a Próxima do Centauro. Em resumo, para ir à estrela MAIS PRÓXIMA DE NÓS (é justamente porisso que é chamada assim) precisamos de velocidades que nos fariam atravessar o sistema solar em seis segundos (diâmetro, dois raios). Isso é uma velocidade desse tipo: 800.000.000.000 (oitocentos bilhões) aquelas que conseguimos hoje. Não é por ai. Se continuasse assim o universo estaria para sempre fora do alcance da humanidade. Se você usasse a técnica dos 2,952 (72 x 41) da página seguinte, cada v significando 40.000 km/hora, seriam necessárias quase 270 milhões de páginas. Enfim, é impraticável. Porque, veja, mais do que quatro ou cinco horas ninguém suporta, a não ser astronautas treinados para serem robôs. E para chegar lá nesse tempo confortável seria preciso desenvolver velocidade de um ano-luz POR HORA, o que não sabemos fazer, além de estar vedado nas equações de Einstein.

Naturalmente isso é só um anúncio de nosso atraso.

Mas deu para ver que não temos idéia do que estamos falando quando usamos números da Matemática para simbolizar a realidade. Existem viagens e viagens e a menos de uma reviravolta essas no universo irão demorar bastante.

Vitória, quinta-feira, 25 de dezembro de 2003.

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