Falando de Viagens...
Confundindo
realidade e Matemática nós colocamos os números da última na primeira e ficamos
sem entender nada. Podemos escrever 10.000.000.000, mas o que é isso?
MAS,
O QUE É ISSO? (Uma
viagem até Próxima do Centauro, que fica a 4,5 anos-luz)
4,5 anos-luz
X 365,25 dias/ano
X 86.400 segundos/dia
X 300.000 km/s (velocidade da luz no
vácuo)
= 4,3. 1013 km
Quanto é isso? Escrevendo é
43.000.000.000.000 (quarenta e três trilhões de) km. Dá para falar, mas para
entender é outra coisa.
Bem, para ir de um lugar a outro
devemos nos deslocar, e uma velocidade que podemos administrar no espaço é 40
mil km/hora ou (40.000 km/3.600 s =) 11,1 km/s; assim, a essa velocidade,
levaríamos 3,9. 1012 segundos para ir a Próxima – ou coisa de
121.162,6 anos (cientificamente é melhor dizer coisa de mais de 120 mil anos,
pois o processo não permite aquela precisão). Se colocarmos numa página 72
colunas (toques) por 41 linhas teremos 2.952 pontos ou pixels por página, cada
ponto significando ano de viagem - uma página seria tanto quanto de Salomão em
900 anos antes de Cristo até os dias de hoje - seria preciso acumular mais de
40 páginas dessas para chegar a Próxima.
Porém, quanto é 40.000 km/h?
Nessa velocidade você daria a volta à
Terra numa hora. Colocando em velocidade de carros, pensemos em 130 km/h, a
distância de Vitória a Linhares numa hora, que é velocidade administrável no
limite do perigo – com ela seria possível ir e vir a/de Linhares quase 154 numa
hora. Nisso você teria cumprido só os primeiros 40 mil km e há mais de um
bilhão desses metros de 40.000 km até Próxima. Não há para imaginar.
O que nós conseguimos compreender é
até seis. Oito horas é o que se gasta de ônibus de Vitória até o Rio de
Janeiro, mas é enjoado à bessa. O ser humano não vence espaços e sim tempos. E
também só sabemos naturalmente contar até quatro ou cinco, tudo que ultrapasse
isso sendo penoso para nós. Para vencer a distância (para facilitar vou usar
4,5) até Próxima, de 4,5 anos-luz, deveríamos desenvolver um ano-luz POR HORA,
mas não sabemos desenvolver não os 300.000 km/s, porém sequer mais que 11,1
km/s (40.000 km/h).
E quanto seria UM ANO-LUZ POR HORA?
UM
ANO-LUZ POR HORA
(a distância que é cumprida pela luz em um ano seria atravessada em apenas uma
hora, numa velocidade 365,25 x 24 =8.766 vezes a da luz no vácuo)
300.000 km/s
X 3.600 s/hora
X 24 horas/dia
X 365,25 dias/ano
= 9,5. 1012 km/ano
Naturalmente 4,3. 1013 km :
9,5.1012 km/ano = 4,5 anos-luz. Veja que isso é 8,5. 1011
vezes a velocidade de 11,1 km/s que sabemos imprimir hoje. A distância até
Plutão, o mais distante planeta do sistema solar, é de 7.375.106 km
e pode ser vencida em linha reta à velocidade de 40.000 km/h em 21 anos. Pois
bem, àquela estonteante velocidade de um ano-luz por hora a distância até
Plutão seria vencida em (7.375.106 km: 9,5. 1012 km/hora
=) 0,000 8 hora ou menos TRÊS SEGUNDOS, quer dizer, você sairia do Sol e
estaria além de Plutão em três pulsações de seu coração. Não adianta se enganar
é dessa velocidade que precisamos para ir num tempo confortável a Próxima do
Centauro. Em resumo, para ir à estrela MAIS PRÓXIMA DE NÓS (é justamente
porisso que é chamada assim) precisamos de velocidades que nos fariam
atravessar o sistema solar em seis segundos (diâmetro, dois raios). Isso é uma
velocidade desse tipo: 800.000.000.000 (oitocentos bilhões) aquelas que
conseguimos hoje. Não é por ai. Se continuasse assim o universo estaria para
sempre fora do alcance da humanidade. Se você usasse a técnica dos 2,952 (72 x
41) da página seguinte, cada v significando 40.000 km/hora, seriam necessárias quase
270 milhões de páginas. Enfim, é impraticável. Porque, veja, mais do que quatro
ou cinco horas ninguém suporta, a não ser astronautas treinados para serem
robôs. E para chegar lá nesse tempo confortável seria preciso desenvolver
velocidade de um ano-luz POR HORA, o que não sabemos fazer, além de estar
vedado nas equações de Einstein.
Naturalmente isso é só um anúncio de
nosso atraso.
Mas deu para ver que não temos idéia
do que estamos falando quando usamos números da Matemática para simbolizar a
realidade. Existem viagens e viagens e a menos de uma reviravolta essas no
universo irão demorar bastante.
Vitória, quinta-feira, 25 de dezembro
de 2003.
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