Excesso de Amor
O cardeal arcebispo
do Rio de Janeiro, Dom Eusébio Oscar Scheid disse no sermão da missa de
25/12/2003, transmitida pela Globo, que Deus derrama um “excesso de amor”
(consulte os termos precisos, devem estar gravados) sobre a humanidade.
QUEM NÃO SABER REZAR XINGA DEUS
1. PELO
LADO DE DEUS:
excesso é demasia, exagero, descomedimento, abuso, aquilo que sobra, o que
ultrapassa as medidas - significando que algo ultrapassa Deus, o amor (pois ele
flui sem que Deus possa controlá-lo ou medi-lo PRECISAMENTE), e sendo mais que
Deus haveria um outro deus ainda maior, de que Deus seria um servo. Para Deus
não pode haver excesso, a palavra não se aplicando PORQUE Deus é tudo que se
manifesta e só se manifesta aquilo que Deus quer;
2. PELO
LADO DA HUMANIDADE:
dizer que é excesso, que é sobrante, é dizer haver demais, mais do que a pessoa
quer ou pode aceitar e isso seria uma crítica. Ora, de Deus não se recusa nada,
nem o que ultrapassa, porque não passa mesmo, é que a pessoa não conseguiu ver
a necessidade de Deus - que está, por definição do não-finito, além do racional
e da racionalidade.
Em resumo, não se deve usar essa
palavra, excesso, nem nada que signifique ultrapassamento, quando se fala de
Deus; de fato, até falar é perigoso, pois podemos incorrer em erros. É claro
também que pouco importa, dado que, por definição, Deus vê tudo (é onividente),
pode tudo, etc., portanto, pode ver e compreender o âmago da intenção do
falante. E certamente na figura do cardeal arcebispo não deve haver malícia alguma.
Falo aqui apenas para registrar o fato
de que mesmo as melhores intenções podem levar a perigos insondáveis e que nós
estamos sempre sujeitos a erros. Perdoáveis, quando vem de quem ama.
Vitória, sexta-feira,
02 de janeiro de 2004.
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