segunda-feira, 24 de abril de 2017


Excesso de Amor

 

                            O cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Eusébio Oscar Scheid disse no sermão da missa de 25/12/2003, transmitida pela Globo, que Deus derrama um “excesso de amor” (consulte os termos precisos, devem estar gravados) sobre a humanidade.

                            QUEM NÃO SABER REZAR XINGA DEUS

1.       PELO LADO DE DEUS: excesso é demasia, exagero, descomedimento, abuso, aquilo que sobra, o que ultrapassa as medidas - significando que algo ultrapassa Deus, o amor (pois ele flui sem que Deus possa controlá-lo ou medi-lo PRECISAMENTE), e sendo mais que Deus haveria um outro deus ainda maior, de que Deus seria um servo. Para Deus não pode haver excesso, a palavra não se aplicando PORQUE Deus é tudo que se manifesta e só se manifesta aquilo que Deus quer;

2.      PELO LADO DA HUMANIDADE: dizer que é excesso, que é sobrante, é dizer haver demais, mais do que a pessoa quer ou pode aceitar e isso seria uma crítica. Ora, de Deus não se recusa nada, nem o que ultrapassa, porque não passa mesmo, é que a pessoa não conseguiu ver a necessidade de Deus - que está, por definição do não-finito, além do racional e da racionalidade.

Em resumo, não se deve usar essa palavra, excesso, nem nada que signifique ultrapassamento, quando se fala de Deus; de fato, até falar é perigoso, pois podemos incorrer em erros. É claro também que pouco importa, dado que, por definição, Deus vê tudo (é onividente), pode tudo, etc., portanto, pode ver e compreender o âmago da intenção do falante. E certamente na figura do cardeal arcebispo não deve haver malícia alguma.

Falo aqui apenas para registrar o fato de que mesmo as melhores intenções podem levar a perigos insondáveis e que nós estamos sempre sujeitos a erros. Perdoáveis, quando vem de quem ama.
Vitória, sexta-feira, 02 de janeiro de 2004.

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