quarta-feira, 19 de abril de 2017


Distância Entre Impactos

 

                            Na página seguinte você verá 3.198 números UM, colocados pela máquina (se não fossem os recursos do Windows teria sido difícil datilografar quase 3,2 mil caracteres). Suponha que você considere cada UM igual a 365,25 dias da Terra, para facilitar a visualização, pois é muito difícil lidar com o enunciado de números do tipo 50 milhões de anos – a gente não faz mesmo idéia do que significam. Carl Sagan imaginou o Ano Cósmico, comparando os bilhões de anos da Terra a um ano, para falar de nossa presença “mínima” (no que denominei “racionalismo amebiano” – pois se a Terra é um cisco, o que somos nós?) - no finalzinho de tal AC.

                            Achei esta outra maneira. Na página há 78 batidas na horizontal, representando colunas, por 41 linhas na vertical, uma matriz 78 x 41 = 3.198 pontos ou pixels, como se diz na computação. Teriam se passado tantos anos quanto, mais ou menos, de Moisés em 1,2 mil antes de Cristo até o presente, nessa página.

                            Veja que um impacto de meteorito se deu há 245 milhões de anos, extinguindo 99 % da vida terrestre e dando início à Era dos Dinossauros, que acabou com outro impacto há 65 milhões de anos, quando foram extintas 70 % de todas as espécies, dando fim à ED, que durou 180 milhões de anos. A “precisão” vem por conta da minha escolha da primeira data, porque só a última está mais bem determinada. Agora, 180 milhões de anos divididos por 3.198 dá 56.285 páginas, das quais bastariam 31 para nos levar até 100 mil anos atrás, a data mais recuada do surgimento dos sapiens, ou somente menos de duas páginas para chegar a 3,5 mil antes de Cristo, invenção da escrita e da civilização. É muito tempo, 180 milhões de anos.

                            Os tecnocientistas estão preocupados, desde a injeção de Sagan, com a presença de meteoritos em volta da Terra. Repare que eles estão EM POSIÇÃO GRAVITACIONAL RELATIVA ESTÁVEL com a Terra, não estão caindo de fato. Na realidade entre dois grandes impactos passaram-se 180 milhões de anos, aquelas 52 mil páginas de un’s. Os cientistas determinaram que os impactos mais constantes relativamente grandes se dão a cada 26 milhões de anos, ou seja, 8.130 páginas. Os realmente grandes caem de 180 em 180 milhões de anos; os menores de 26 em 26 milhões de anos. Os pequenos estão estáveis. Claro, se cair algum estamos ferrados, mas podemos fazer muito mais devagar. Sagan tinha interesse na astronomia e na astrofísica e em continuar financiando a NASA, de modo que inventou um motivo espúrio e condenou a humanidade a preocupar-se com uma urgência que não há.

                            De fato, as forças envolvidas não têm dimensões humanas. Um impacto causaria dispersão estatística nos números da Terra por uns 30 ou 40 un’s, não mais que isso, e recomeçaria a reconstrução, evidentemente num nível muito mais baixo, o que seria triste. Devemos estar atentos para proteger a pontescada que já chegou no nível psicológico/p.3, vésperas do informacional/p.4, mas não a ponto de nos desesperarmos.

                            Devemos olhar em volta, preparar ações ajuizadas, com cuidado. Devemos mesmo ir para fora da Terra, mas quando tenhamos tecnociência equivalente. Se não houver tensão nervosa destinaremos recursos à pesquisa & ao desenvolvimento da proteção? Mas se houver DEMAIS não estaremos condenando a humanidade a preocupações excessivas? Temos de temperar as coisas entre extremos, entre o sim e o não.

                            Vitória, segunda-feira, 22 de dezembro de 2003.

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