As Mulheres e os
Alimentos
Gabriel, com aquele
grande poder observador dele, reparou que as mulheres no restaurante falam
constantemente de comida e conversando discutimos o Modelo da Caverna, de
mulheres coletoras presentes e de homens caçados ausentes.
Não faria muito
sentido caçadores, que devem comer as carnes cruas ou assadas em fogo -
observando sempre em volta outros predadores maiores (que existiam às centenas
e aos milhares; os homens caçando os pequenos e os grandes caçando os homens), constantemente
atentos para não serem de repente comidos num salto inesperado – ficarem
reparando ou “assuntando”, como diz o povo, nas propriedades dos alimentos, se
estão eles bons ou ruins, desde que carne colhida recentemente não tem chance
de ter apodrecido; se são deste ou daquele tipo, porque carnes nunca são (ou
raramente são) venenosas, ao passo que faz todo sentido as mulheres estarem
atentas a frutas (observavam os pássaros, com isso necessitando de memória
deles, tornando-se, portanto, argutas observadoras), saberem reconhecer raízes
e folhas e pequenos seres mortos, mas ainda comestíveis, desde que não
estivessem degenerando, e outras ações ligadas à alimentação.
Ficando em volta das
cavernas deveriam mesmo prestar toda atenção, conversando muito, passando as
impressões. É pela lógica que devemos seguir e com isso vemos essas diferenças
entre as posturas de homens na caça e de mulheres na coleta. “O que você achou
desta fruta? ” “O que você pensa desta raiz? ” Homens não vão fazer essas
perguntas: vão pegar e correr, fugir o mais depressa possível num mundo
coalhado de assassinos fortes e dentuços. Isso explica as atitudes dos homens
nas compras em supermercados e em centros de compra: é pegar e correr. Não é
covardia. Se você não procedesse assim não deixaria descendentes, pois logo ali
estavam os dentes de sabre, os leões, os tigres, as panteras, todo tipo de
matador. Até os grandes herbívoros poderiam pisotear os pequenos macacos
peludos que éramos.
Já as mulheres
tinham todo tempo do mundo para conversar e ir acumulando memória de milhares
de alimentos diferentes que estavam ao redor. Faz todo sentido a observação de
Gabriel.
Vitória,
sexta-feira, 14 de novembro de 2003.
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