A Noite e os Grandes
Espaços
Se as mulheres
viviam coletando em volta das cavernas e os homens caçando longe, elas não
tinham acesso aos grandes espaços nem à noite, quando era proibido sair, em
virtude da presença dos predadores fora da porta cercada e fechada da caverna.
Viviam eternamente
ali, sem arredar muito, porque havia toda uma comunidade feminina protetora, o
imenso grupo de filhos e filhas a criar, as tarefas em grande número – toda a
coleta de água, de folhas, de raízes, de cascas, de frutos, de pedras, de
pequenos animais (mortos ou vivos, pegos em armadilhas), de galhos para fogo,
de objetos. Não conheciam os grandes espaços externos onde os homens podiam ir
e de onde vinham contando maravilhas, de animais nunca vistos, de grandes
caçadas (como fazemos até hoje com carros, mulheres, enfrentamentos ou
pseudoenfrentamentos com homens), de transposições de imensos rios, de subidas
em altas montanhas, de curiosas formações, de todo ato real ou inventado de
heroísmo – e as mulheres nunca podiam ver isso. E também não viam a noite,
exceto como algo externo à caverna, a grande boca escura de fora, pois dentro
era permanentemente iluminado por fogos.
Daí que, quando
depois os homens começaram a convidar as mulheres a sair para longe ou para a
noite escura (pois existe a noite clara, iluminada por fogos), isso deve ter soado
como uma das maravilhas, um deslumbramento, um acontecimento bastante insólito.
E até hoje os homens fazem exatamente isso, como a Psicologia poderá demonstrar
plenamente, fazendo testes bem montados, bem estruturados, quer dizer, bem
postados para a busca teórica dos conceitos.
Se isso ficar
demonstrado poderemos os homens proporcionar coisas muito melhores às mulheres.
Vitória,
quinta-feira, 20 de novembro de 2003.
Nenhum comentário:
Postar um comentário