Uma China Por Década
No livro de Carl Sagan
(astrônomo americano, 1934 a 1996), Bilhões
e Bilhões (reflexões sobe a vida e morte na virada do milênio), São Paulo,
Cia. das Letras, 1998/2002), sobre original americano de 1997, no artigo 23, Religião e Ciência: Uma Aliança ele
coloca na página 150: “Hoje estamos em toda parte sobre a Terra. Temos bases na
Antártica. Visitamos o fundo dos oceanos. Doze humanos até caminharam sobre a
Lua. Há atualmente quase seis bilhões de humanos, e nossos números crescem o equivalente à
população da China a cada década. Submetemos os outros animais e as
plantas (embora o nosso sucesso não tenha sido tão grande quanto os micróbios).
Domesticamos muitos organismos, forçando-os a nos servir. Nós nos tornamos segundo
alguns padrões, a espécie dominante na Terra”, negrito e colorido meu.
Quando ouço esse
tipo de coisa fico arrepiado.
Segundo o Almanaque Abril 2002, Mundo p. 73, a
população mundial teria atingido o primeiro bilhão lá por 1800.
Guardemos este dado
e vamos ver que o Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia,
Ciência/Técnica e Matemática), especialmente a pontescada tecnocientífica, em
particular a pontescada científica (Física/Química, Biologia/p.2,
Psicologia/p.3, Informática/p.4, Cosmologia/p.5, Dialógica/p.6) nos mostram
clara e inequivocamente que foi o avanço todo do Conhecimento geral que firmou
BASE DE SUSTENTAÇÃO para o avanço da humanidade nos presentes dias. Mesmos os
que vivem nas piores condições de hoje ainda estão melhores (alimentação,
proteção contra doenças, liberdade, informações, educação) que os da rabeira
socioeconômica 200 anos passados.
Em apenas 200 anos
foram somados CINCO BILHÕES DE PESSOAS ou o equivalente a cinco planetas de
então, e ninguém vai me dizer que os de agora seriam, por qualquer quesito,
considerados piores. Faça a lista de tudo que foi inventado e desenvolvido
nesses dois séculos e, principalmente, todas as coisas que foram melhoradas a
partir das já então existências. Existiam vacas, mas quanto leite elas
produziam, qualitativa e quantitativamente?
DOIS PAÍSES, China
com 1.300 e Índia com 1.000 milhões, respectivamente, tem hoje, sozinha tanta
gente quanto o mundo todo de então. Como Sagan mesmo disse, os números
populacionais crescem UMA POPULAÇÃO CHINESA A CADA DÉCADA, isto é, 1,3 bilhão
por década, o que significa construir residências, locais de armazenamento,
transportes, segurança, transportes, vestimentas, sistema de saúde MUITO MELHOR
que tudo que conheciam em 1800.
Dizer que nosso
sucesso não foi tão grande quanto o dos micróbios e insetos é asneira da
grossa. Em primeiro lugar eles não são PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e
empresas) e AMBIENTES (municípios/cidades, nações e mundo) em toda a
complexidade implícita. Basta dar uma olhadinha que seja à volta e ver.
Quanto às
destruições provocadas pelo caminhar humano, ninguém o deplora mais que eu numa
raça potencialmente tão alta que rasteje em tantos domínios; entrementes é
preciso lembrar que ao construir um belo edifício a bagunça parece apontar a
incapacidade dos construtores de levar a coisa a bom termo, e todo aquele
entulho parece não ter destino depois, nem que a casa figure bela e terminada.
Não obstante, a construção pronta é extremamente bela.
Em resumo, Sagan
segue a trilha de Malthus e faz a análise simplória dos que querem fechar o
futuro: “já fomos bastante longe, nos deixem aqui gozando nossa maravilhosa
civilização”. Mas, se tivessem feito isso em 1800, quantas coisas teriam
perdido? Coisas ruins, claro, vieram à tona, mas também muitas coisas boas e
imperdíveis.
Vitória,
quarta-feira, 20 de agosto de 2003.
Nenhum comentário:
Postar um comentário