quinta-feira, 9 de março de 2017


Uma China Por Década

 

                            No livro de Carl Sagan (astrônomo americano, 1934 a 1996), Bilhões e Bilhões (reflexões sobe a vida e morte na virada do milênio), São Paulo, Cia. das Letras, 1998/2002), sobre original americano de 1997, no artigo 23, Religião e Ciência: Uma Aliança ele coloca na página 150: “Hoje estamos em toda parte sobre a Terra. Temos bases na Antártica. Visitamos o fundo dos oceanos. Doze humanos até caminharam sobre a Lua. Há atualmente quase seis bilhões de humanos, e nossos números crescem o equivalente à população da China a cada década. Submetemos os outros animais e as plantas (embora o nosso sucesso não tenha sido tão grande quanto os micróbios). Domesticamos muitos organismos, forçando-os a nos servir. Nós nos tornamos segundo alguns padrões, a espécie dominante na Terra”, negrito e colorido meu.

                            Quando ouço esse tipo de coisa fico arrepiado.

                            Segundo o Almanaque Abril 2002, Mundo p. 73, a população mundial teria atingido o primeiro bilhão lá por 1800.

                            Guardemos este dado e vamos ver que o Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática), especialmente a pontescada tecnocientífica, em particular a pontescada científica (Física/Química, Biologia/p.2, Psicologia/p.3, Informática/p.4, Cosmologia/p.5, Dialógica/p.6) nos mostram clara e inequivocamente que foi o avanço todo do Conhecimento geral que firmou BASE DE SUSTENTAÇÃO para o avanço da humanidade nos presentes dias. Mesmos os que vivem nas piores condições de hoje ainda estão melhores (alimentação, proteção contra doenças, liberdade, informações, educação) que os da rabeira socioeconômica 200 anos passados.

                            Em apenas 200 anos foram somados CINCO BILHÕES DE PESSOAS ou o equivalente a cinco planetas de então, e ninguém vai me dizer que os de agora seriam, por qualquer quesito, considerados piores. Faça a lista de tudo que foi inventado e desenvolvido nesses dois séculos e, principalmente, todas as coisas que foram melhoradas a partir das já então existências. Existiam vacas, mas quanto leite elas produziam, qualitativa e quantitativamente?

                            DOIS PAÍSES, China com 1.300 e Índia com 1.000 milhões, respectivamente, tem hoje, sozinha tanta gente quanto o mundo todo de então. Como Sagan mesmo disse, os números populacionais crescem UMA POPULAÇÃO CHINESA A CADA DÉCADA, isto é, 1,3 bilhão por década, o que significa construir residências, locais de armazenamento, transportes, segurança, transportes, vestimentas, sistema de saúde MUITO MELHOR que tudo que conheciam em 1800.

                            Dizer que nosso sucesso não foi tão grande quanto o dos micróbios e insetos é asneira da grossa. Em primeiro lugar eles não são PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e AMBIENTES (municípios/cidades, nações e mundo) em toda a complexidade implícita. Basta dar uma olhadinha que seja à volta e ver.

                            Quanto às destruições provocadas pelo caminhar humano, ninguém o deplora mais que eu numa raça potencialmente tão alta que rasteje em tantos domínios; entrementes é preciso lembrar que ao construir um belo edifício a bagunça parece apontar a incapacidade dos construtores de levar a coisa a bom termo, e todo aquele entulho parece não ter destino depois, nem que a casa figure bela e terminada. Não obstante, a construção pronta é extremamente bela.

                            Em resumo, Sagan segue a trilha de Malthus e faz a análise simplória dos que querem fechar o futuro: “já fomos bastante longe, nos deixem aqui gozando nossa maravilhosa civilização”. Mas, se tivessem feito isso em 1800, quantas coisas teriam perdido? Coisas ruins, claro, vieram à tona, mas também muitas coisas boas e imperdíveis.

                            Vitória, quarta-feira, 20 de agosto de 2003.

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