Socioeconomia do Osso
Domenico De Masi
organizou e introduziu o livro A
Economia do Ócio, 2ª edição, Rio de Janeiro, Sextante, 2001, onde há um
artigo de Bertrand Russell (filósofo e lógico galês, 1872 a 1970, 98 anos entre
datas), O Elogio do Ócio, e outro de
Paul Lafargue (político, nascido em Santiago de Cuba, 1842 a 1911, 69 anos,
discípulo e genro de Marx; Lafargue não consta nem da Barsa digital nem da
Britannica de papel), O Direito ao Ócio.
Não chega a ser
homofonia, mas eu quis usar isso para falar de uma S/E de alto rendimento do
Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia,
Ciência/Técnica e Matemática), especialmente da frente de ondas da
tecnociência, uma que, como os miseráveis, explorasse todos os recursos até o
osso, comendo inclusive o tutano, que é altamente “sustante”, como diz o povo,
altamente substancial.
Eis uma coisa
extraordinária, o tanto que desperdiçamos, para o que já chamei atenção tantas
vezes. Esse esbanjamento não pode ser coisa sadia, já que exclui tantas
pessoas, já que projeta tantos na vida mais abjeta e repugnante, subumana, revoltante
condenar à animalidade de tantas criaturas preciosas. Nós somos responsáveis
por esse, sei lá, um bilhão ou mais de miseráveis que estão no limite da
sobrevivência, condenados a usar mal essa dupla fonte de maravilhas que é o
corpo e a mente humana. Tanto em termos organizativos ou sociológicos quanto em
termos produtivos ou econômicos (agropecuária/extrativismo, indústrias,
comércio, serviços e bancos) deveríamos estar dando o máximo coletivo de nós
para oferecer a todos e cada um o máximo de oportunidades, sem essa cruel
assertiva de que eles não se esforçam. Claro, muitos não se esforçam mesmo, mas
é condição de contraste civilizatório, de não se sentirem estimulados pelos
índices atuais de futuro, os indicadores de sobrevivência que não lhes
apetecem.
Nós devíamos estar
fazendo mais.
É insatisfatório
prosseguir assim.
Vitória, domingo, 05
de outubro de 2003.
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