Remuneração das
Empregadas
Tradicionalmente as
empregadas domésticas são mal-remuneradas no Brasil, ganhando o mais das vezes
um salário mínimo, 240 reais, em torno de 80 dólares, menos de três dólares por
dia, enquanto nos EUA, a gente vê nos filmes e lê, elas ganham 900 dólares,
trinta dólares por dia do mês (mais, se contarmos que tem folgas), DEZ VEZES
tanto quanto as daqui. Só os ricos e médios-altos podem pagá-las lá, os pobres
e miseráveis devendo fazer os serviços por conta própria.
Aqui os patrões e as
patroas contam o que elas comem, o que não é pouco. De cara o modelo diz que na
soma zero de 50/50 metade delas já vai ser honesta por definição, uma porção do
restante ficando contida pelas margens da lei.
Entrementes quero
falar aqui das erradas, das que levam comida para casa, das que “quebram” as
coisas da casa e dizem que os talheres “foram para o lixo”, ou seja, dos
pratos, vasilhas, garfos, colheres, facas, panos e de tudo que elas levam para
casa, o que causa-nos vergonha indizível. Dizem uns que a mais-valia e a guerra
de classes embasam o roubo, justificando-o, como se a crueldade de uns para com
os filhos devesse induzir-nos a sermos cruéis também. Como poderemos pleitear
maior dignidade que as elites atuais do Brasil se nos comportarmos como elas?
Como poderemos assegurar-nos e aos outros que seremos melhores no futuro? Que
direito teremos ao futuro se formos iguais e esses bandidos, se nos
comportarmos tão indecentemente quanto eles?
No entanto,
vergonhosamente essas domésticas levam de tudo para casa – não há uma postura
de dignidade, o roubo continuado das elites sendo pago na mesma moeda pelo
roubo continuado dos pobres e miseráveis.
Ai.
Vitória,
segunda-feira, 13 de outubro de 2003.
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