Pragmatismo Budista
No livro de Jorge
Luis Borges e Alicia Jurado, Buda,
3ª edição, Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1987 (original argentino de 1977),
p. 41, eles dizem: “O próprio Buda negou-se sempre a discussões abstratas que
lhe pareciam inúteis, e formulou a famosa parábola do homem ferido por uma
flecha e que não deixa que a arranquem antes de saber a casta, o nome, os pais
de quem o havia ferido. Proceder assim, disse o Buda, é correr perigo de morte;
eu ensino a
extrair a flecha. Com esta parábola, respondeu àqueles que lhe
perguntavam se o universo é finito ou infinito, se é eterno ou se foi criado”,
negrito e colorido meus.
Direto e reto, como
diz o povo.
Buda não queria saber
dos pares polares de opostos-complementares, ia direto à solução (que, nos diz
a Rede Cognata – veja Livro 2, Rede e
Grade Signalíticas) = PROBLEMA, pois toda solução coloca um problema, e
vice-versa.
Esse é o mesmo
pragmatismo que os americanos, distantes 2,3 mil anos e milhares de
quilômetros, irão introduzir na vida contemporânea depois de 1776, quando se
tornaram independentes da Inglaterra. De ir direto à aplicação, de re-solver simplesmente
o problema da forma mais simples e rude. Pois se há uma esfera ele quer ir
direto ao centro e se contenta em ficar ali: retira a flecha, é um médico de
alta qualidade – sara o doente, mas não lhe explica o que fez. Ensina outros a
serem médicos, mas não expõe a biologia da cura, a alta ciência curativa, aos
leigos. Cria uma casta de monges, detentores do saber.
A solução de mostrar
o zero de todos os diâmetros em oposição (dentro da esfera existem infinitas
esferas) é MUITO MAIS ELEGANTE e deve ser preferida, embora de imediato seja
realmente preciso restabelecer a saúde do doente. É evidente que sim, é
fundamental proceder assim, desconsiderando os pares num primeiro momento. Mas
uma solução simples assim seria medíocre, se não expusesse o cerne da questão,
a Teoria de Tudo, Mesmo.
Portanto, a solução
budista é boa, mas insuficiente. É necessário ir mais longe e responder corretamente
à questão total.
Vitória, domingo, 20
de julho de 2003.
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