domingo, 5 de março de 2017


Pragmatismo Budista

 

                            No livro de Jorge Luis Borges e Alicia Jurado, Buda, 3ª edição, Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1987 (original argentino de 1977), p. 41, eles dizem: “O próprio Buda negou-se sempre a discussões abstratas que lhe pareciam inúteis, e formulou a famosa parábola do homem ferido por uma flecha e que não deixa que a arranquem antes de saber a casta, o nome, os pais de quem o havia ferido. Proceder assim, disse o Buda, é correr perigo de morte; eu ensino a extrair a flecha. Com esta parábola, respondeu àqueles que lhe perguntavam se o universo é finito ou infinito, se é eterno ou se foi criado”, negrito e colorido meus.

                            Direto e reto, como diz o povo.

                            Buda não queria saber dos pares polares de opostos-complementares, ia direto à solução (que, nos diz a Rede Cognata – veja Livro 2, Rede e Grade Signalíticas) = PROBLEMA, pois toda solução coloca um problema, e vice-versa.

                            Esse é o mesmo pragmatismo que os americanos, distantes 2,3 mil anos e milhares de quilômetros, irão introduzir na vida contemporânea depois de 1776, quando se tornaram independentes da Inglaterra. De ir direto à aplicação, de re-solver simplesmente o problema da forma mais simples e rude. Pois se há uma esfera ele quer ir direto ao centro e se contenta em ficar ali: retira a flecha, é um médico de alta qualidade – sara o doente, mas não lhe explica o que fez. Ensina outros a serem médicos, mas não expõe a biologia da cura, a alta ciência curativa, aos leigos. Cria uma casta de monges, detentores do saber.

                            A solução de mostrar o zero de todos os diâmetros em oposição (dentro da esfera existem infinitas esferas) é MUITO MAIS ELEGANTE e deve ser preferida, embora de imediato seja realmente preciso restabelecer a saúde do doente. É evidente que sim, é fundamental proceder assim, desconsiderando os pares num primeiro momento. Mas uma solução simples assim seria medíocre, se não expusesse o cerne da questão, a Teoria de Tudo, Mesmo.

                            Portanto, a solução budista é boa, mas insuficiente. É necessário ir mais longe e responder corretamente à questão total.
                            Vitória, domingo, 20 de julho de 2003.

Nenhum comentário:

Postar um comentário