terça-feira, 7 de março de 2017


O Valor Tropical

 

                            O exemplar do jornal A Gazeta que tenho em mãos é de 17 de agosto de 2003, portanto não traz a tabela final dos XIV Jogos Panamericanos, que ocorreram este ano na República Dominicana, em sua capital Santo Domingo. Portanto está incompleto. Por outro lado, os dados de população que vou usar, a partir do Almanaque Abril 2002 apresentarão distorções, já que uns se referem a 2001, outros a 2000 e até a 1999. Aqui estou apontando apenas a lógica, faça o favor de obter os dados corretos, de produzir as estimativas confiáveis quando necessário, outros quesitos permitirão apurar enormemente o apontamento.

                            Imagino ser válido dizer que as medalhas de ouro valem três pontos, as de prata dois e as de bronze um, de forma que podemos refazer o quadro.

                            NOVO QUADRO DE MEDALHAS

PAÍS
OURO
/ (x3)
PRATA
/ (x2)
BRONZE
/ (x1)
TOTAL (SOMA DOS MULTIPLICADO)
1º EUA
118/354
80/180
74/74
272/598
2º Cuba
70/210
39/78
38/38
126/326
3º Canadá
29/87
56/112
41/41
122/240
4º Brasil
28/84
40/40
54/54
122/178
5º México
20/60
27/54
32/32
79/146
6º Argentina
16/48
21/42
28/28
65/118
7º Venezuela
16/48
20/40
28/28
64/116
8ºColômbia
10/30
8/16
24/24
42/70
9ºRepública. Dominicana
8/24
12/24
19/19
39/67
10º Jamaica
4/12
3/6
6/6
13/24

                            Daí seria preciso somar as duas colunas da direita, a segunda muito mais expressiva que a primeira, dado que são atribuídos pesos.

                            Tomemos agora a quinta coluna e coloquemos a população (sem nos preocuparmos muito com os pequenos deslocamentos – vá fazer os cálculos corretos):

                            MEDALHAS E POPULAÇÕES (estas em milhões)                       

PAÍS
MEDALHAS
MULTIPLICADAS
POPULAÇÃO (milhões)
(MM/pop).106
EUA
598
290
02,06
Cuba
326
11
29,64
Canadá
240
31
07,74
Brasil
178
170
01,05
México
146
100
01,46
Argentina
118
38
03,11
Venezuela
116
25
04,64
Colômbia
70
43
01,63
Rep. Dominicana
67
9
07,44
Jamaica
24
3
08,00

                            O SIGNIFICADO É QUE CADA MILHÃO DE CUBANOS GANHOU O EQUIVALENTE A 29,64 MEDALHAS-PONTOS, PELOS CRITÉRIOS. Aqui a coisa muda muito e se for feito com rigor o Brasil despenca para os últimos lugares. Deveríamos ainda considerar as frações das populações que poderiam participar (tirando idosos, jovens demais, deficientes - deixando apenas os potenciais competidores).

                            Vê-se que Cuba é a primeira disparada, quase 15 vezes os EUA e 30 vezes o Brasil. Os estudiosos poderão apurar muitos os critérios doravante. Contento-me em apontar que o sistema de ensino de Cuba e de treinamento de seus atletas deve ser altamente avançado, para não falar na medicina esportiva e principalmente na alimentação continuada dos atletas desde os primeiros anos. Isso sem falar do que está além das disputas panamericanas, que se restringem a partir dos mais de 200 países do mundo a uma quinta parte, pouco mais de quarenta (sendo 13 da América do Sul).

                            Ora, sem fazer essas avaliações duras e corretas até o extremo, será impossível saber onde estamos errando. Com esse ufanismo burro que oculta a relevância estatística, sem um movimento de EXPOR AS PODRIDÕES DESPORTIVAS BRASILEIRAS, estaremos sempre na rabeira, precisando fazer os maiores malabarismos para parecer que nos demos bem. Pois há o absoluto e o relativo e qualquer movimento governempresarial real de elevação da nação até os cumes das competições internacionais deve investir em ambas as dimensões.

                            Fora disso é vender ilusão no circo da mídia.

                            Vitória, sábado, 23 de agosto de 2003.

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