segunda-feira, 27 de março de 2017


O Engano de Pascal

 

                            Tenho grande admiração pos Blaise Pascal (francês, 1623 a 1662, apenas 39 anos entre datas, mas grandes desenvolvimentos, porque já aos 16 anos escreveu Ensaio Sobre as Cônicas; depois inventou a primeira máquina de calcular para o pai e esteve na trilha do modelo ao falar de dois campos, o da razão e o do coração ou sentimento – por pouco, como muitos outros, não antecipou o modelo em séculos), por várias razões, mas no livro Pascal, da coleção Os Pensadores, 2ª edição, Abril Cultural, 1979, p. 195, ele diz: “Toda história que não é contemporânea é suspeita. Assim os livros Sibilinos e de Trismegisto, e outros tantos em que o mundo acredita, são falsos e se revelam falsos com o tempo”, negrito meu.

                            Depois de Einstein vimos que os observadores não trocam informações em nível de simultaneidade, razão pela qual nenhuma geo-história (os espaços, estando separados pelo tempo, obviamente não), especialmente nenhuma história pode dar-se ao mesmo tempo, CON-TEMPORÂNEA, pois o historiador não poderia estar nunca no tempo próprio das pessoas e dos objetos observados, deve estar necessariamente separado. Assim, TODA história seria suspeita no pior sentido. Claro que devemos ter um pé atrás, porque o historiador não está contando os FATOS mesmo, tal como aconteceram, e sim como os apreciou, segundo seus valores, mas mesmo assim as suspeitas devem ser graduadas, mais umas, as respeitantes aos fatos mais antigos (e não foram registradas de perto por gente confiável), e menos outras, aquelas sobre os fatos mais recentes e com mais apuro recolhidos. Depois, há descrições falsificadas e outras não.

                            Como não há jeito de os historiadores não errarem, mesmo quando desejam não o fazer, as nossas suspeitas não devem ser maliciosas, porque errar é humano, é de todo racional, isto é, é de todos, menos o Um que está na Tela Final, onde pode descortinar as coisas com 100 % de certeza.

                            Assim, Pascal se enganou, como qualquer um de nós pode se enganar; nem porisso iremos levantar a bandeira das suspeitas.

                            Vitória, terça-feira, 21 de outubro de 2003.

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