O Engano de Pascal
Tenho grande
admiração pos Blaise Pascal (francês, 1623 a 1662, apenas 39 anos entre datas,
mas grandes desenvolvimentos, porque já aos 16 anos escreveu Ensaio Sobre as Cônicas; depois
inventou a primeira máquina de calcular para o pai e esteve na trilha do modelo
ao falar de dois campos, o da razão e o do coração ou sentimento – por pouco,
como muitos outros, não antecipou o modelo em séculos), por várias razões, mas
no livro Pascal, da coleção Os Pensadores, 2ª edição, Abril Cultural,
1979, p. 195, ele diz: “Toda história
que não é contemporânea é suspeita. Assim os livros Sibilinos e de
Trismegisto, e outros tantos em que o mundo acredita, são falsos e se revelam
falsos com o tempo”, negrito meu.
Depois de Einstein
vimos que os observadores não trocam informações em nível de simultaneidade,
razão pela qual nenhuma geo-história (os espaços, estando separados pelo tempo,
obviamente não), especialmente nenhuma história pode dar-se ao mesmo tempo,
CON-TEMPORÂNEA, pois o historiador não poderia estar nunca no tempo próprio das
pessoas e dos objetos observados, deve estar necessariamente separado. Assim,
TODA história seria suspeita no pior sentido. Claro que devemos ter um pé
atrás, porque o historiador não está contando os FATOS mesmo, tal como aconteceram,
e sim como os apreciou, segundo seus valores, mas mesmo assim as suspeitas
devem ser graduadas, mais umas, as respeitantes aos fatos mais antigos (e não
foram registradas de perto por gente confiável), e menos outras, aquelas sobre
os fatos mais recentes e com mais apuro recolhidos. Depois, há descrições
falsificadas e outras não.
Como não há jeito de
os historiadores não errarem, mesmo quando desejam não o fazer, as nossas
suspeitas não devem ser maliciosas, porque errar é humano, é de todo racional,
isto é, é de todos, menos o Um que está na Tela Final, onde pode descortinar as
coisas com 100 % de certeza.
Assim, Pascal se
enganou, como qualquer um de nós pode se enganar; nem porisso iremos levantar a
bandeira das suspeitas.
Vitória, terça-feira,
21 de outubro de 2003.
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