segunda-feira, 27 de março de 2017


Llao Llao

 

                            Llao Llao Hotel & Resort Golf – SPA fica na Patagônia Argentina, no sopé da Cordilheira dos Andes, a 36 km do aeroporto San Carlos de Bariloche, tradicional estação de esqui. Pela propaganda que passa na TV é o paraíso na Terra (caso você tenha dinheiro graúdo telefone para 5411.4516.0066). Parece imenso no sítio ou site, uma construção esplendorosa, como devem existir tantas no mundo (embora o hotel se diga único), já que os árabes foram capazes de construir um prédio de CINCO BILHÕES DE DÓLARES. Resort é, em inglês, apenas um “lugar muito freqüentado”.

                            Pouco importa que seja este ou outro, o motivo é comentar as condições que são oferecidas aos ricos e médios-altos do mundo no começo deste século 21, como nunca antes, nem de perto. No século 20 eles usaram e até abusaram, até 1929, e mesmo depois, viveram à farta, como em nenhum século anterior. Quem acompanhou pelo menos de longe pôde aferir. Entrementes no século que está nascendo o que lhes está sendo ofertado através do mundo inteiro é surpreendente e mesmo soberbo nos dois sentidos. Não é mais numa nação, que pode ser grande como os EUA mas ainda tem somente 1/30 da população, 1/16 da área e ¼ da riqueza, e sim em toda parte. Os hotéis de cinco estrelas pululam. Os aeroportos e os portos estão espalhados, as estradas são boas e patrulhadas pelos policiais atentos aos poderosos, os lagos têm seus barcos, a superestrutura de apoio de todo tipo está superpreparada, há helicópteros, há hospitais superatentos, podem deslizar nas águas de rios e mares. Enfim, nenhum tempo foi tão bom e perfeito para eles quanto está sendo este – o Império Romano ficou no chinelo. Chefes supertalentosos de cozinha, garçons supertreinados, excelentes administradores de hotéis e mordomos (em certo filme vi “mordomo de andar”, um por andar) preparadíssimos em escolas próprias.

                            E a Academia (universidades e institutos), a todas essas, dorme o sono esplêndido dos idiotas, preocupada com banalidades, sem retratar nada disso, muito menos a contento. Quão felizes estão as elites? De quanto dispõe elas em termos desses suportes do ócio?

                            Ah, eles são burros demais!

                            Vitória, quarta-feira, 15 de outubro de 2003.

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