Exclusão Premiada
Existem inúmeros
prêmios no mundo, os mais famosos sendo o Nobel, instituído por Alfred Bernhard
Nobel (sueco, 1833 a 1896), inventor da nitroglicerina e da dinamite, que
começou a ser dado em 1901, o Oscar, concedido desde 1928 pela Academia de
Artes e Ciências Cinematográficas, o Pulitzer, estabelecido em 1917 pelo fundo
deixado pelo jornalista Joseph Pulitzer (que nem era americano, era húngaro,
1847 a 1911).
Acho que valeria a
pena a Academia (universidades e institutos) mapear o assunto.
Fica, é lógico, que
alguém está sendo premiado, elevado a um pedestal, destacando-se do grupo no
qual estava mergulhado. Receber um Prêmio Nobel é o equivalente a nunca mais
pertencer à massa indistinta. Fatalmente a pessoa (indivíduo, família, grupo e
empresa em que trabalha) é destacada diante das demais, razão pelas quais
alguns fazem DE TUDO mesmo para recebê-lo, chegando até a falsificar
informações. A guerra por posições e destaque é terrível, assombrosa, de fato.
Creio que valeria a pena contar isso também, desde quando os primeiros prêmios
foram estabelecidos.
Evidentemente,
também, todos os que não ganham são excluídos, rebaixados, lançados a uma
posição menor, embora muitas vezes possam ter feito contribuições
significativas e até mais importantes que as dos premiados, não tendo sido
reconhecidos pelos que concedem as distinções, o que pode amargurar muitas
vidas, dedicadas até ferrenhamente ao bem-estar da humanidade. Isso deve ser
mostrado, as grandes injustiças geo-históricas.
Além disso, os
prêmios vão quase sempre para pessoas do primeiro e segundo mundos ou para
aqueles que seguem as suas linhas programáticas ou problemáticas, isto é, suas
definições do que constituem problemas que merecem ser resolvidos. Naturalmente
os problemas do terceiro e quarto mundos, envolvendo estatisticamente 110 das
220 nações estimadas, são postergados ou nunca resolvidos, porque a massa dos
recursos vai para pesquisas premiáveis. Fica difícil optar por caminhos sem
qualquer possibilidade de expressão; é preciso ter uma determinação enorme para
renunciar à projeção de si perante a família, os amigos, os colegas, todos que
estão à volta – o ser humano é altamente dependente de aprovação. Assim, os
prêmios acabam por ser um motivo para desvio em relação aos interesses dos
“atrasados”, aqueles que não contam com o olhar da civilização. Os prêmios são
instituídos, ainda que não seja o desejo do fundador, para excluir OS DEMAIS,
os que sobram, os que não pertencem ao grupo dos aprovados.
Olhando francamente,
é uma canalhice.
É segregação, sem
dúvida alguma.
Qual o custo
universal disso? Há uma funilização na direção/sentido do que é aprovado pelos
institutos concessores, dependendo de eles terem ou não estatura moral
suficiente para desgrudar-se de seu provincianismo relativo. Claro que o maior
prejuízo fica por conta dos “atrasados”, mas também atinge os mais avançados,
de dois modos: a) porque eles terão de fornecer verbas como ajuda humanitária,
que contribui para manter os aleijões dos atrasados; b) porque os da rabeira
socioeconômica se tornarão interessados em resolver os problemas DOS OUTROS,
dos que são socialmente aplaudidos, e não os seus, e isso os manterá
desarmônicos e improdutivos no interesse próprio, agudamente seu.
Vitória,
segunda-feira, 06 de outubro de 2003.
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