Duas Coragens
No modelo das
cavernas devemos ter dois tipos de coragens, a da coletora que fica em volta da
caverna e a do caçador que vai longe em busca de proteínas, com grande risco de
vida. Naturalmente isso pressupõe dois modos favoráveis e dois modos
desfavoráveis de nos referirmos às pessoas.
A CORAGEM DOS HOMENS
deve ser o arrojo, o projetar-se diante do perigo, o nada temer, o desafio, o
amparo aos companheiros em perigo, a generosidade com a doação do que é seu na
caça e uma série de qualidades que poderemos buscar em nossos pensamentos e na
literatura.
A CORAGEM DAS
MULHERES deve ser a de amealhar, de juntar, de cercar a tribo, de prover
alimentação em quantidade e qualidade, de curar, de educar, de estocar com
jeito, de manter tudo limpo e acessível, e outros traços que poderemos
identificar na literatura mundial e em nossas memórias.
Ora, em cada caso o
contrário é sinal de fraqueza, objeto de desprezo, fuga do sexo
oposto/complementar, deboche. Por exemplo, era sinal de força a mulher primitiva
ter sucessivas gravidezes viáveis, ajuntando muitos filhos ao redor, a isso
deveria corresponder uma estrutura com bacia larga, bunda larga, peitos
volumosos – a musa de outrora – e com isso mulheres magrelas eram profundamente
desprezadas.
Se segue que os
pesquisadores poderão obter uma lista de FIGURAS MÍTICAS de um e outro lado, os
homens mais desejáveis às mulheres, e vice-versa. Preparando uns para outras e
o contrário, poderão construir aqueles manuais “como agarrar seu homem em 12
horas” e “conquiste as mulheres em 6 lições”.
Elencando-se do
passado e estilizando para o presente aqueles qualidades desejadas de lá podem
ser pintadas nas telas de cá, de forma que o apelo subterrâneo irresistível
tornará umas e outros completamente caídos. Pense numa tela de delimitação das
ações, de então que as mulheres de agora estivessem olhando: segundo elas, nos
lutadores, que qualidades prometiam descendência aos genes SEUS? É preciso
método, organização, cuidado, pesquisa de campo, tanto nos documentos que
remanesceram quanto através da lógica.
Esses livros que são
publicados agora são mágicos, não são científicos, não vem de ardentes
observações e testes que afirmem taxativa a diretamente esta ou aquela posição.
E não oferecem previsões confiáveis e seguras de comportamento.
Vitória, domingo, 24
de agosto de 2003.
Nenhum comentário:
Postar um comentário