terça-feira, 7 de março de 2017


Coletivização dos Deficientes

 

                            Fiquei sabendo com total assombro que os deficientes são 10 % da população, o que antes ficava oculto ou porque eles evitavam sair à rua ou porque os parentes envergonhados os detinham em casa, escondidos dos demais. Desde quando a ACPD (Associação Capixaba dos Portadores de Deficiências – o próprio nome escolhido por eles significa rebaixamento, autocomiseração) colocou (até excessivamente) tantos deles na SEFA (atual SEFAZ, Secretaria de Estado da Fazenda do EES), pudemos contatar constantemente com eles no nosso serviço fiscal.

                            Na realidade, todos nós somos deficientes em alguma coisa:

·        Os seres humanos não sabemos voar como os pássaros nem mergulhar no oceano tanto quanto as baleias;

·        Os tordos não sabem pensar;

·        Os jacarés não andam na neve, e assim por diante, todos e cada um.

Entre os humanos há os que sabem correr mais rápido, saltar mais alto, operar números mais depressa, pensar melhor, mas as PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e os AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundo) foram suprindo suas deficiências com as eficiências alheias. Não fosse a coletividade e a coletivização crescente proporcionada pelas civilizações, o que cada um de nós poderia fazer isoladamente, na falta de tantas coisas que não produzimos?

Nos EUA eles se dizem afro-americanos (uma distinção excludente do país), Pessoas Pequenas (para os anões, frisando o PESSOAS), Pessoas Especiais (para os tais “portadores de deficiências”) e dão-se outros títulos que implicam resistência à diminuição, ao aviltamento. Não que devamos seguir estritamente a trilha americana, mas por outro lado é bom adotar o que é melhor, talvez com nomes alternativos.

Acontece que se os chamados deficientes são deficientes corporal ou mentalmente por outro lado a união deles, como começa a acontecer no ES, é alvissareira. Foi dessa agregação que veio a humanidade nos primórdios. Tal índice é indicação poderosa de que a humanidade não ficou paralisada, continuou a avançar.

Vitória, quarta-feira, 06 de agosto de 2003.

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