China e Índia em 2040
Num texto que
escrevi (O Horizonte de 2040, Livro
1) sobre perigo para os árabes naquela década a escolha da data se deveu ao
esgotamento potencial das reservas petrolíferas, enquanto aqui vou usar a mesma
(juntas as avaliações mostram uma década extraordinariamente problemática)
porque permitirá a dilatação do raciocínio.
Presentemente, pelo Almanaque Abril 2002, a população da
China é de 1,285 bilhão em 2001, taxa de crescimento populacional de 0,71 % ao
ano. A da Índia é de 1,025 bilhão de habitantes, com crescimento de 1,52 % ao
ano. Não sou desses que fique ou goste de ficar fazendo exercícios numéricos ou
aritméticos, pois acho idiota, além de inútil, porque sempre interferem
elementos que mudam as incógnitas das equações; como diz Gabriel, basta uma
carta para fazer desabar o castelo inteiro de sonhos e planejamentos. O
objetivo é outro.
Mesmo assim, contando
40 anos (para simplificar) teremos, em cada caso, posto num quadro:
QUADRO
DOS DOIS GIGANTES (em bilhões de habitantes)
PAÍS
|
HOJE
(2000)
|
DEPOIS
(2040)
|
China
|
1,285
|
1,705
|
Índia
|
1,025
|
1,874
|
As taxas podem
diminuir muito na Índia e mais ainda na China, vários fatores podem interferir,
mas não importa.
O que podemos contar
como certo é que China e Índia terão, então, 3,5 bilhões de seres humanos.
Antes se tinha como certo que a chamada “bomba populacional” haveria de
produzir uma explosão interna, de dentro para fora, ou uma implosão. Aconteceu
então de diferente que a China, por conselho de Nixon e Kissinger durante seus
diálogos com Mao Tse Tung (agora Zedong) no início da década dos 1970, passou a
trilhar o chamado Caminho das Duas Vias, o capitalismo ocidental à moda
comunista chinesa, com espantosos índices de crescimento produtivorganizativo
(já são grandes agora, com a absorção de Hong Kong da Inglaterra e Macau de
Portugal), mas serão maiores ainda quando da absorção de Formosa ou Taiwan e a
formação da Esfera Asiática de Interesse, com as duas Coréias, o Japão e
outros. A cada sete anos a socioeconomia chinesa está dobrando, o que quer
dizer que em 40 anos, 6 períodos, passará a 2, 4, 8, 16, 32 e 64 vezes o que é
agora, já uns quatro trilhões de dólares, 1/8 do mundo, ou 12,5 % x 64 = 80
vezes o PMB, Produto Mundial Bruto de 2000. Tudo isso se deveu à cristianização
aceita da China (com o afastamento do confucionismo, do budismo, do taoísmo) na
prática das decisões, se não na adoção dos ritos cristãos.
Se os brâmanes, como
toda competência ariana que têm, decidirem trilhar o mesmo caminho, você pode
estar começando a visualizar a minha preocupação com o deslocamento unilateral
das pressões civilizatórias. Então teríamos 3,5 bilhões produzindo PARA DENTRO
universos de coisas e para fora IRRESSISTIVELMENTE em termos de preços e
qualidade. Junte-se a isso um cenário de destruição do mundo árabe, mais o
chafurdamento que o modelo prevê para a Rússia e CEI a partir de 2008 e terá
pálida idéia dos novos cenários do mundo em apenas uma geração. As coisas estão
ficando extraordinariamente complicadas. E os líderes mundiais nem de longe
estão cientes disso.
Vitória,
segunda-feira, 25 de agosto de 2003.
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