quinta-feira, 9 de março de 2017


China e Índia em 2040

 

                            Num texto que escrevi (O Horizonte de 2040, Livro 1) sobre perigo para os árabes naquela década a escolha da data se deveu ao esgotamento potencial das reservas petrolíferas, enquanto aqui vou usar a mesma (juntas as avaliações mostram uma década extraordinariamente problemática) porque permitirá a dilatação do raciocínio.

                            Presentemente, pelo Almanaque Abril 2002, a população da China é de 1,285 bilhão em 2001, taxa de crescimento populacional de 0,71 % ao ano. A da Índia é de 1,025 bilhão de habitantes, com crescimento de 1,52 % ao ano. Não sou desses que fique ou goste de ficar fazendo exercícios numéricos ou aritméticos, pois acho idiota, além de inútil, porque sempre interferem elementos que mudam as incógnitas das equações; como diz Gabriel, basta uma carta para fazer desabar o castelo inteiro de sonhos e planejamentos. O objetivo é outro.

                            Mesmo assim, contando 40 anos (para simplificar) teremos, em cada caso, posto num quadro:

QUADRO DOS DOIS GIGANTES (em bilhões de habitantes)    

PAÍS
HOJE (2000)
DEPOIS (2040)
China
1,285
1,705
Índia
1,025
1,874

                            As taxas podem diminuir muito na Índia e mais ainda na China, vários fatores podem interferir, mas não importa.

                            O que podemos contar como certo é que China e Índia terão, então, 3,5 bilhões de seres humanos. Antes se tinha como certo que a chamada “bomba populacional” haveria de produzir uma explosão interna, de dentro para fora, ou uma implosão. Aconteceu então de diferente que a China, por conselho de Nixon e Kissinger durante seus diálogos com Mao Tse Tung (agora Zedong) no início da década dos 1970, passou a trilhar o chamado Caminho das Duas Vias, o capitalismo ocidental à moda comunista chinesa, com espantosos índices de crescimento produtivorganizativo (já são grandes agora, com a absorção de Hong Kong da Inglaterra e Macau de Portugal), mas serão maiores ainda quando da absorção de Formosa ou Taiwan e a formação da Esfera Asiática de Interesse, com as duas Coréias, o Japão e outros. A cada sete anos a socioeconomia chinesa está dobrando, o que quer dizer que em 40 anos, 6 períodos, passará a 2, 4, 8, 16, 32 e 64 vezes o que é agora, já uns quatro trilhões de dólares, 1/8 do mundo, ou 12,5 % x 64 = 80 vezes o PMB, Produto Mundial Bruto de 2000. Tudo isso se deveu à cristianização aceita da China (com o afastamento do confucionismo, do budismo, do taoísmo) na prática das decisões, se não na adoção dos ritos cristãos.

                            Se os brâmanes, como toda competência ariana que têm, decidirem trilhar o mesmo caminho, você pode estar começando a visualizar a minha preocupação com o deslocamento unilateral das pressões civilizatórias. Então teríamos 3,5 bilhões produzindo PARA DENTRO universos de coisas e para fora IRRESSISTIVELMENTE em termos de preços e qualidade. Junte-se a isso um cenário de destruição do mundo árabe, mais o chafurdamento que o modelo prevê para a Rússia e CEI a partir de 2008 e terá pálida idéia dos novos cenários do mundo em apenas uma geração. As coisas estão ficando extraordinariamente complicadas. E os líderes mundiais nem de longe estão cientes disso.
                            Vitória, segunda-feira, 25 de agosto de 2003.

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