quinta-feira, 23 de março de 2017


Chamando a Atenção

 

                            Como é que os escritores chamam a atenção das PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e dos AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundo)?

                            Por exemplo, num dos antigos deste Livro 45 coloquei o título de AS CINCO DITADURAS, do que as pessoas nunca ouviram falar. O texto tem 334 palavras e se demorarmos um décimo de segundo para ler cada uma serão 33,4 segundos, meio minuto pelo menos, para as pessoas mais ligeiras. Como o tempo é pouco para tudo que achamos que temos de fazer nas vidas curtas que temos de 2/3 (1/3 gastamos dormindo), todo segundo é precioso, nem que seja para fazermos nada. Ler é um sacrifício, é preciso ser muito disciplinado para fazê-lo com freqüência, e as pessoas não são atraídas facilmente para a leitura, principalmente num país de iletrados (há cinco níveis de leitura, diz o modelo – cinco patamares de de/cifração) como é o Brasil. Então você deve atrair pelo título, que por princípio COMPACTA o sentido geral a seguir, isto é, transfere instantaneamente a idéia, ao tempo em que exerce grande apelo de leitura, torna a pessoa curiosa ou curiosíssima.

                            Ninguém, nunca, em parte alguma do mundo, pela boca/cabeça de qualquer um, ouviu falar de cinco ditaduras, sequer de três, exceto se temporalmente seqüenciadas, quer dizer, se sucedendo no tempo, o que não é o caso. Ora, isso atrai pela novidade: que é isso de CINCO ditaduras? É possível?

                            Carmem Miranda chamava atenção pela parafernália na cabeça, quando não pelos vestidos, que logo se esgotariam enquanto possibilidade da forma. Então, com grande sabedoria, ela apelou para a cabeça, porque se colocasse aquilo em volta do corpo fatalmente atrapalharia seus movimentos na dança.

                            Quão chamativo deve ser o apelo? Em seis bilhões de indivíduos, muito; em 1,5 bilhão de famílias, muito; em várias centenas de milhões de grupos, muito. Nos EUA, país mais rico, poderoso e exigente do mundo, com 290 milhões de habitantes que já viram de tudo ou quase tudo, muito – é preciso grande esforço continuado para se destacar, mesmo se as formestruturas, digamos a cinematográfica, já estão preparadas para de tempos em tempos projetar alguns.

                            Aliás, poderíamos e deveríamos estudar as FORMESTRUTURAS DE PROJEÇÃO ou, dizendo de outro modo, as tecnartes da autopromoção e da promoção ou propaganda alheia.

                            Vitória, terça-feira, 14 de outubro de 2003.

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