Assassinato Virtual
Com todos esses
jogos (games, na outra língua portuguesa) eletrônicos ou de computador, há um
tiroteio contínuo, uma saraivada de balas virtuais que consomem inumeráveis
vidas trivialmente, do modo mais insosso possível, como sinais envolvendo luz e
sombras, cores em movimento formando figuras que se assemelham ao “mundo real”
(porque aquilo é real também, ainda que composto de sinais eletrônicos).
Há uma aceitação
implícita geral de que as “pessoas” (indivíduos, famílias, grupos e empresas –
por enquanto só indivíduos, mas logo aparecerão os outros) podem e até mesmo
devem ser mortas, algumas vezes de modos bem bizarros, com enorme crueldade
“ingênua”. Desde muito cedo as criancinhas estão sendo treinadas à aceitação
virtual do morticínio, de verdadeiros massacres virtuais ou abstratos, mas que
ficam dentro de suas cabeças. Quando despertei para a coisa me dei conta de
quão longe fomos nessa insanidade, nessa doença mental.
Seria preciso fazer
um levantamento de quantos jogos foram lançados, de onde provém (sua
geo-história), quantos são mortos em média em cada um, qual o gênero de
armamentos virtuais empregados e assim por diante. Seguramente é um ataque do
demônio. Qual o papel desses jogos mentais na aceitação ou na preparação da
aceitação das mortes reais como comuns, corriqueiras, vulgares? Em que medida
estamos sendo levados à banalização da morte pelos games?
Se os jogos pregarem
a destruição ambiental (dos municípios/cidades, dos estados, das nações e do
mundo) os governos reagirão prontamente; por quê não o fazem quando se trata de
pessoas? Contudo, se atacarem os grupos e as empresas, promovendo a
vandalização destas, igualmente haverá gritaria. Em que medida, por parecer
fácil na tela, os adolescentes americanos não estão sendo levados àqueles
ataques a escolas?
Acho que isso deve
ser prontamente revisto e largamente discutido nas famílias e nas escolas, nas
repartições e nas fábricas, em toda parte, porque o preço de tal divertimento
malsão está sendo muito alto.
Vitória, segunda-feira,
06 de outubro de 2003.
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