segunda-feira, 20 de março de 2017


As Costas dos Revolucionários

 

                            Doroteo Arango (adotou o nome de Francisco – Pancho – Villa, general revolucionário mexicano, 1878 a 1923, 45 anos entre datas) é tido como herói mexicano. Naturalmente não era um general de formação, recebeu dos correligionários a patente falsa.

                            Foram feitos inúmeros filmes sobre ele, romantizando-o.

                            O canal pago A&E Mundo (creio que americano, mas passando pelo México, de onde vem as falas), ao anunciar uma biografia sobre ele diz que arrancava as solas dos pés das pessoas e assassinava crianças, filhos dos latifundiários (que perpetravam barbaridades inconcebíveis, mas um erro não justifica outro), e cometia muitas outras atrocidades.

                            Como fazer uma avaliação dos dois lados? Não que por Stalin ter feito algo de bom para o povo soviético isso justifique sequer uma morte, mas pelo menos se terá feito o correto, cá do nosso lado que está olhando as crueldades humanas.

                            Imagine que Pancho Villa tornou-se fora da lei já em 1894, aos 16 anos, até 1909, quando tinha 31 anos. Daí tornou-se líder revolucionário e depôs as armas em 1920, com 42, tendo morrido em 1923, apenas 45 anos entre datas. De 1909, fora os anos de bandoleiro, passou 11 anos assassinando oficialmente, para o governo. Em muito menos tempo agiu Alexandre, morto aos 33 anos (supostamente assassinado). Então, dos 16 aos 42, Pancho Villa matou durante 26 anos, sabe-se lá quantas centenas ou mesmo milhares, diretamente, e quanto mais dando ordens. Muito pior que Lampião, Virgulino Ferreira da Silva (Pernambuco, 1900 a 1938).

                            Acho interessante alguém fazer um livro com esse título do artigo mostrando o que as lendas revolucionárias escondem de atrocidades, crueldades, truculências dos que foram louvados depois, mas em vida foram violentíssimos com os que lhes estavam próximos e mais ainda com os distantes e os desafetos. Como sugeri para Vasco da Gama, seria conveniente construir um museu para investigar as vidas dos revolucionários, que se permitem muitas liberdades quando chegam ao poder, até tornando-se o contrário do que pregavam.

                            Vitória, domingo, 05 de outubro de 2003.

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