Um País Vigilante
Nos postos fiscais a
gente vê os caminhões acompanhados de automóveis, em geral Fiat, no qual vão os
guardas, por vezes um carro na frente e outro atrás, no caso de grandes cargas.
Há também a vigilância por satélite. Nelson Piquet, o bicampeão de Fórmula 1,
dizem, tem uma empresa dessas, de monitoramento remoto. Os caminhões têm acima
da cabine um transmissor-receptor que está ligado ao motor e que acusa qualquer
parada mais longa. Caso não seja dada alguma explicação o aparelho desliga o
motor, que só pode ser religado pelo satélite, nunca pelo motorista.
Todo tipo de
vigilância é exercido. Se os EUA são, como disse uma personagem de série de
firma de advogados, uma “sociedade litigiosa”, o Brasil é uma “sociedade
vigilante”, no pior sentido, o que denuncia o medo geral. Fora as grades, as
armas, há essa vigilância contínua, de tudo mesmo, pois os assaltos são
constantes nas estradas, menos no Sudeste e mais no Nordeste. Os motoristas
vivem apavorados. E lá vão milhares, centenas de milhares de guardas,
verdadeiro exército civil, como já disse num dos textos do modelo ou das
posteridades, não me lembro.
As cidades e as
estradas são tão inseguras agora quanto o foram na Idade Média, ou talvez mais,
pelo menos no Terceiro e Quarto Mundo. Talvez neles vivamos numa espécie de
idade média, como que em tempos primitivos. Os governos nada fazem e as
empresas se defendem como podem. Talvez os guardas sejam conluiados com os
bandidos, não se sabe. O que resta é o fato, não retratado estatisticamente
pela imprensa, nem estudado a fundo pela Academia, aquelas universidades
adormecidas. Não há quem exponha a chaga da geral insegurança dos brasileiros.
Vitória,
quinta-feira, 22 de maio de 2003.
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