terça-feira, 21 de fevereiro de 2017


Transformação do Espaçotempo e da Psicologia

 

                            Quando a gente depara com um gênio verdadeiro (a que desejei dar o nome de “total”, apenas para diferençar da genialidade parcial, aquela que produz soluções fragmentárias), vê nele o brotar de esclarecimentos, que se desdobram em muitas áreas. Uma simples frase, até uma palavra pode significar muito.

                            Por exemplo, na revista Scientific American (Cientista Americano, finalmente sendo publicada no Brasil), ano I, nº 12, maio/2003, p. 22 e seguintes, há um artigo de Henrique Lins de Barros, “O Legado de Santos Dumont”. Na página 27 o autor coloca: “O ano de 1909 foi fundamental na história da aviação. O que parecia um esporte ganhava projeção mundial. As feiras e exposições contribuíram para isso, mas foi a travessia do Canal da Mancha, realizada por Blériot em 25 de julho, que impressionou os militares. Santos Dumont cumprimentou o amigo: ‘Esta transformação da geografia é uma vitória da navegação aérea sobre a navegação marítima. Um dia, talvez, graças a você, o avião atravessará o Atlântico’. Ao receber as congratulações, Blériot respondeu: ‘Eu não fiz mais que segui-lo e imitá-lo. Seu nome para os aviadores é uma bandeira. Você é o nosso líder’”, negrito e colorido meus.

                            Observe que ele diz TRANSFORMAÇÃO DA GEOGRAFIA.

                            Vejamos a Psicologia no modelo: psicanálises ou figuras, psico-sínteses ou objetivos, produções ou economias, organizações ou sociologias, espaçotempos ou geo-histórias. Mudando a geografia muda a história, muda todo o espaçotempo humano. Muda todo o resto também: as figuras, os objetivos, as economias, as organizações humanas, conforme posiciona o modelo.

                            Bem além está tudo isso, em particular o outro componente do par oposto/complementar da GH ou geo-história, a história, que será mudada também, assumindo outros contornos, acelerando-se. Reduzindo, muda a geografia, que fica encurtada, enquanto possibilidades do ir, e encompridada, enquanto contatos dos povos. Isso quer dizer que os meios de transporte na Bandeira Elementar (no ar, na água, em terra/solo e no fogo/energia) mudam também. As cidades/municípios, os estados, as nações e o mundo mudam. As pessoas (indivíduos, famílias, grupos, empresas) mudam, devem aceitar reconformar-se, devem partilhar a TRANS-FORM/AÇÃO, ato permanente de transformar.

                            Tudo muda.

                            Veja o que faz uma única invenção e a importância suprema dos inventores, que sempre foram tidos como inferiores. Na realidade não o são (nem superiores também, apenas respeitáveis).

                            Quando o televisor foi introduzido, ele mudou a paisagem humana. Quando QUALQUER invenção é introduzida, ela muda os cenários humanos. Qualquer intervenção fá-lo, mas a inserção das invenções é mais aguda. Assim sendo, quando o Brasil está inventando, ele está introduzindo brasilidade noutros países. E vice-versa. Quando os americanos inventam, eles introduzem americanidade no mundo; como inventam muito, ou lá são patenteadas (conformadas com o jeito americano de ser, o american way of life) ou registrados tantos inventos, que porisso devem se con-formar àquele jeito, evidentemente o mundo está sendo redesenhado à moda americana, com cada vez menos nacionalidade dos outros países.

                            Eis o que Santos Dumont percebeu tão profundamente e que os governos e empresas brasileiros (as), mesmo 94 anos depois, não são capazes de enxergar: que as invenções são fundamentais, fundamento de toda e qualquer nacionalidade. O Espírito Santo não pode ficar para trás, mesmo se o restante do Brasil não caminhar a contento. O governo estadual e municipais/urbanos capixabas devem fazer seu trabalho de casa.

                            Vitória, quarta-feira, 28 de maio de 2003.

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