domingo, 19 de fevereiro de 2017


Tomando o Hume Errado

 

                            Ainda no livro de Richard Tarnas, p. 365, temos:

                            “Em termos da fundamental distinção de Platão entre ‘conhecimento’ (da realidade) e a ‘opinião’ (sobre as aparências), para Hume todo conhecimento humano deve ser considerado opinião”.

                            Sempre digo que temos opiniões, expressas honestamente quando as pessoas dizem “eu acho”; pois se o indutivismo é incorreto, disso se depreende que não podemos mesmo saber a totalidade das coisas, EXCETO UM, que seria Deus, o duplo Natureza/a-Natureza, que ao mergulhar no poço não-finito rumo à Tela Final completa o Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia, Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) geral.

                            Todos os demais racionais, não. Então, PARA TODOS, exceto esse Um, tudo é mesmo opinião, o que deveríamos humildemente reconhecer como sendo aquela tal “douta ignorância”. Daí que, de fato, TODO CONHECIMENTO HUMANO deve ser considerado opinião e neste sentido eu apoiaria Hume. O erro premente dele está em que, se assim procedermos, se frisarmos excessivamente a questão das opiniões humanas, resultará daí que tudo parecerá frouxo demais. Há uma progressividade, um crescimento exponencial da certeza, ainda que ela nunca se torne total, exceto para aquele Um.

                            De fato, tudo que é humano é opinião, sem certeza alguma, mas há CRESCENTE CONVICÇÃO e é importante frisar isso. Devemos intimamente reconhecer que há sempre incerteza, de forma que tenhamos presente que tudo que dizemos não passa de opinião, mas ao mesmo tempo prosseguir na trilha desse convencimento progressivo.

                            Porisso digo que o rumo de Hume é errado, pois não faz reparo; faz parecer que o ser humano é “errado”, e não é: era opinião quando estava 90 % errado, era-o quando estava 35 %, é e será sempre, mas com crescente certeza.

                            Vitória, quarta-feira, 14 de maio de 2003.

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