domingo, 19 de fevereiro de 2017


Rebelde sem Causa

 

                            No filme traduzido no Brasil como Juventude Transviada (Rebelde Without a Cause, Rebelde sem Causa), com James Dean (virou mito: americano, 1931 a 1955, fez somente três filmes e morreu com apenas 24 anos de idade, mas tornou-se lenda), Natalie Woods e outros, foi lançada essa composição esquisita, dizendo existir rebeldes sem causa.

                            Vejamos que as PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e os AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações em mundo) SEMPRE têm uma causa, porque não pode haver identidade sem vontade. Tudo que na pontescada tecnocientífica, em particular na pontescada científica (Física/Química, Biologia/p.2, Psicologia/p.3, Informática/p.4, Cosmologia/p.5, Dialógica/p.6), ultrapassou os dois pares iniciais já é vontade explicitada. Não pode haver ser ou ente sem vontade; dizer ente ou ser é dizer justamente vontade que o move.

                            Causa, neste sentido, remete a objetivo: meta ou destino. Não é como causa que antecede o feito, causa do fato, pelo contrário, indica sucessão. Sendo objetivo da psique, naturalmente não pode haver REBELDE SEM OBJETIVO ou REBELDE SEM META ou REBELDE SEM VONTADE, razão pela qual não pode haver rebelde sem causa.

                            Contudo, idealizado James Dean pelos homossexuais, pelos repórteres, pelos críticos e pela própria ausência de causas mais amplas e generosas com a humanidade, o culto à personalidade fez do filme oportunidade de, pela ausência, firmar pseudo-sabedoria, que se retrata numa frase sem qualquer conteúdo de possibilidade, um enunciado vazio, como teto máximo, sair para fora, entrar para dentro, piso mínimo.

                            Toda pessoa, seja rebelde ou não, tem sempre uma causa.

                            Isso porque todos têm um objetivo, nem que seja o de fingir não terem objetivo algum, como os que dizem não serem políticos – não se pode não ser político, pois política é vontade de controlar e existir é justamente exercício permanente do ato de controlar.

                            Vitória, terça-feira, 13 de maio de 2003.

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